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October 10, 2025 98 mins

Nem toda história de imigração cabe em um carimbo no passaporte. Muitas vezes, as jornadas das mulheres imigrantes são reduzidas à forma como conseguiram o visto, como se o tipo de processo dissesse mais sobre quem somos do que toda a trajetória de coragem, esforço e reinvenção que viver fora exige. Se o caminho foi cheio de desafios, dizem que foi merecido, mas se pareceu mais fácil, logo vem o julgamento, a dúvida ou o rótulo de sortuda ou privilegiada. 


Mas será que sorte e privilégio explicam o que realmente significa migrar?


Neste episódio do Mulheres Imigrantes Podcast, Barbara dos Santos, @bah_ conversa com duas convidadas inspiradoras que trazem olhares diferentes, mas igualmente potentes, sobre o tema. Indiara Vitório, @sevaibora e @aprendicommainha, é jornalista, criadora de conteúdo e podcaster que vive em Portugal, e Gabriela Stilita @the_climate_psychologist, psicóloga e ativista pela educação sobre mudanças climáticas e seus impactos na saúde mental, vivendo em Brisbane, na Austrália.


Juntas, elas refletem sobre o peso dos rótulos, o que é considerado “sorte” ou “merecimento” e como cada mulher imigrante carrega uma história única, que vai muito além do tipo de visto. Um episódio sensível, necessário e cheio de reflexões sobre pertencimento, privilégio e identidade.


Mark as Played
Transcript

Episode Transcript

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(00:20):
Todo mundo tem uma história, algumas começam no aeroporto.
Outras, no silêncio da saudade. Na quinta temporada do mulheres
imigrantes podcasts, vamos conversar com mulheres que
viveram, sentiram e resistiram. Cada uma dentro do seu contexto,

(00:40):
mas todas com algo em comum, a coragem de continuar.
Seja bem-vinda a mais uma temporada do mulheres
imigrantes. Quem conta as nossas histórias?
Olá, mulheres imigrantes. Eu sou Bárbara dos Santos,
podcaster, teria atleta amadora,gerente de projetos, aspirante a

(01:04):
jornalista e Imigrante. Às vezes, a jornada de uma
mulher Imigrante é reduzida a forma como ela conseguiu seu
visto de residência permanente ou cidadania.
É como se a história inteira de uma vida em movimento pudesse
ser resumida com carimbo no passaporte.
Se o processo foi longo, cheio de obstáculos, reviravoltas,

(01:24):
aqueles bem sofridos, sabe? Celebram, te chamam de guerreira
e dizem que foi merecido. Em contrapartida, se pareceu ser
mais fácil, mais simples. Sem muitos desdobramentos, logo
surgem comentários sobre foi sorte, privilégio ou até
julgamentos insinuando não ter sofrido suficiente ou até mesmo

(01:48):
menos Imigrante. Esse olhar limitado desvaloriza
experiências profundas e complexas, mulheres que chegam
ou escolhem ficar em um novo país através de um visto de
relacionamento, por exemplo. Frequentemente escutam
comentários machistas, como se sua coragem, seu esforço e sua
trajetória fossem apagados apenas porque o caminho incluiu

(02:10):
um relacionamento. Como se amar alguém invalidasse
sua identidade enquanto Imigrante?
Como se diminuísse o seu esforçoenquanto Imigrante e as
dificuldades que passamos. Pior ainda quando essa mulher
conseguiu o visto por si próprio, por mérito dos seus
conhecimentos, sabedorias trajetória e habilidades, o tom
de dúvida, descrédito e até deboche Reino.

(02:33):
Mas a verdade é que nenhum vistoconta sozinho a história de quem
somos. A imigração não é medida apenas
pelo processo burocrático. Ela atravessa o idioma, o
pertencimento, a solidão. A reinvenção de quem somos em um
novo lugar. E para nos aprofundarmos nessa
conversa, recebemos 2 mulheres que trazem vivências diferentes,

(02:53):
mas igualmente marcantes em diária.
Vitório, jornalista, criadora deconteúdo e podcaster.
Que hoje vive em Portugal, inspira milhares de pessoas com
os seus projetos. Primeiro se vai embora e o
podcast aprende com mainha e Gabriela estilita, psicóloga e
ativista pela educação das mudanças climáticas e seu

(03:14):
impacto na saúde mental, com o projeto the clament sacolegeist,
que hoje vive em 2 Ben Austrália.
Então vamos embora refletir sobre sorte, privilégio e como
as jornadas de imigração, por mais diversas que sejam, não
podem e não devem ser reduzidas.A maneira como alguém conseguiu
seu visto. Muito bom dia, boa tarde, boa
noite indie e Gabi sejam bem vindas, obrigada.

(03:37):
Olá. Olá tudo.
Bom, a gente está em vários fusos horários.
É por isso que tem que ser bom dia, boa tarde e boa noite, né?
Ah. Pra quem estiver escutando
também a gente sempre assim, então aquela pergunta bem
clichêzona, e aí eu deixo vocês 2 aí tirarem para o impa pra ver
quem quer começar. Como foi que vocês conseguiram o

(04:00):
visto de residência onde vocês residem e como que foi o
processo para cada um de vocês? Então, acho é o meu.
O meu visto foi realmente muita sorte a primeira vista, né?
Inclusive foi uma das coisas quea gente tinha conversado a
respeito. É eu e a Bárbara já.
É sobre trazer isso como pauta, né?

(04:22):
Do do do podcast, porque as pessoas perguntam para mim, Ah,
como foi que você conseguiu ser psicóloga aqui na Austrália?
Sempre fala assim, olha, minha trajetória foi um pouco
diferente, né, porque é a primeira vista.
Parece que foi muito fácil aqui,mas ninguém sabe que houve 11.
A primeira pausa na Nova Zelândia, né?

(04:43):
Que não deu certo e foi um processo muito, muito difícil.
Então assim é quando eu ainda tava na faculdade.
Aí começa a sorte número 1 que eu decidi imigrar.
Então é, eu ainda tava fazendo afaculdade de psicologia e
comecei a pesquisar sobre a imigração.
Tinha decidido sobre a Nova Zelândia e descobri quais eram

(05:03):
os critérios que eu precisava cumprir para conseguir me
registrar enquanto psicóloga na Nova Zelândia.
E aí dentro da universidade. Cidade ainda eu fiz atividades
extras e alonguei prolonguei o meu o meu curso para conseguir
cumprir com essas com esses critérios que eram mais tempo de
estágio. Então eu fiz é na época, eu acho

(05:24):
que minha faculdade eram 600 horas de estágio.
Eu acabei terminando com 1700 horas de estágio para poder
conseguir equivalência, né? Então eu fui conseguir fazer
isso ainda estando dentro da faculdade e aí eu passei por um
processo de de passar pela língua.
A né? Assim passar pelo iells e tudo
mais. Conseguiu.

(05:45):
OOO conseguiu o meu, o meu, o meu registro na Nova Zelândia
enquanto psicóloga e aí comecei a fazer é é entrevistas de
emprego e tal. Recebi muita, muita crítica
assim. Ah, era nem crítica, mas assim,
descrença na época, né? Porque primeiro eu tava era
muito recém formada. E segundo que ela assim, Ah, ela

(06:05):
é muito nova. Nova Zelândia é muito longe do
Brasil. Ela não vai querer ficar aqui, a
gente gostou dela, ela não vai querer ficar aqui.
E aí eu consegui um visto de de working holoda ir para Nova
Zelândia, que era um visto de 1 ano, e fui para provar que eu
queria ficar lá, né? E assim passei por por vergonhas
enormes, com com entrevistas de de emprego.

(06:28):
Que assim muito, foi muito dramatizante na época e eu
decidi voltar para o Brasil depois de 6 meses, porque eu
queria muito imigrar, mas eu queria imigrar enquanto
psicóloga, não queria imigrar dequalquer forma para minha
psicologia, vinha, vinha acima disso e aí eu voltei para o
Brasil. Na época eu mudei de cidade, eu
morava em Fortaleza antes e aí fui para Florianópolis e fiquei

(06:50):
3 anos em Florianópolis e aí em Florianópolis eu não.
Eu quero sair assim, eu acho queeu não consigo ver muito futuro
e a. E aí comecei a pesquisar
novamente para tentar ir para Nova Zelândia e um dia eu vi 11
entrevista, 11 oportunidade de emprego na Austrália e a
Austrália, Nova Zelândia, elas têm um programa de é o

(07:13):
transtasma, né? Que é um programa de
reconhecimento de profissão, nosso país.
Então, se você tem OA sua profissão reconhecida em um,
você consegue automaticamente o reconhecimento no outro.
E aí na época eu fiz isso, fiz uma entrevista de emprego.
Mulher parecia tá desesperada e aí ela olha, se você conseguir o
registro aqui e tal, vou te dar Oo visto, é aí consegui, fiz a

(07:38):
transferência do registro para para a Austrália, fui atrás
dela, a mulher desapareceu, né? Ela desapareceu e assim o que na
época apareceu que era pô, que saco né, a mulher desapareceu e
tal e tudo mais. Eu não, na verdade, deixa eu ver
como isso como uma oportunidade e acabei procurando outros
empregos e aí vem a sorte númerodo. 2 que o meu currículo caiu

(08:01):
na mão é de um de 11 clínica em melpe na época que o cara era do
Uruguai, ele tinha. Ele tinha é fugido do Uruguai
com a família dele quando ele tinha 17 anos, na época da
ditadura e assim uma paixão enorme pelo Brasil, muita
saudade da América do sul. E quando ele viu o meu, que era

(08:25):
uma brasileira tentando imigrar,ele a gente.
Fez uma entrevista e ele olha, eu quero e eu não sei como
resolver ainda, mas a gente vai te dar o visto.
Então assim, eu quero vir para cá.
Então assim foi muita sorte, né?Nesse sentido, e aí eles
passaram pelo processo e tudo mais.
Aí a outra sorte assim que quando eu olho para ela e falo

(08:45):
assim, gente, isso não tem como.Isso foi muita sorte mesmo, foi
que ainda tem uma antes disso, que quando foi meu registro na
Nova Zelândia, eu consegui o registro geral.
Sem ser um registro com especialidade de psicologia
clínica. E aí um dia eu estava bem
arrasada e tal, tinha acabado dereceber a carta.

(09:05):
Faz uns 3 dias que eu tinha recebido essa carta e eu queria
muito que tivesse com uma especialidade em clínica e aí eu
resolvi ler a carta novamente. Quando eu li a carta é vinha
dizendo que eu podia apelar e eutinha 3 horas para apelar por
causa do do fuso horário, né? E assim, quando eu olhei, eu fiz
os cálculos, eu, caramba, eu tenho 3 horas para apelar e aí

(09:27):
eu sentei. Escrevi uma carta é explicando
porque que eu tava apelando, porque que eu achava que eu
deveria ter OA especialidade em psicologia clínica.
Fiz a tradução assim das ementasda faculdade, eu mesma, e eu
coloquei na carta. Olha, eu não tenho como dar
tradução oficial, mas se vocês me derem mais tempo, eu pago
alguém para fazer tradução oficial e tal, não sei o que.

(09:49):
E aí eles mudaram, né? Na Nova Zelândia.
E aí voltando quando foi pra praAustrália com com esse Uruguai,
o Miguel. É eles, a gente vai te dar o
visto, queremos você aqui, você está querendo, vamos dar uma
chance. E aí a gente entrou com um
processo de visto. Um Belo dia eu recebo um e-mail
da imigração da Austrália dizendo, olha, eu só queria

(10:10):
confirmar se o pedido foi feito corretamente, porque esse visto
que que vocês pediram é ele podeter a duração de 4 anos e na
verdade foi feito o pedido para 1 ano.
Só você tem certeza que é só um ano?
Você não prefere colocar para 4 caso você resolva ficar?
Para não ter que passar, passar pelo processo e pagar tudo isso

(10:31):
de novo. E aí o pessoal da clínica eu
lembro até o nome da mulher, da da da imigração era preciosa, o
nome dela preciosa. E aí, preciosa tamaio eu ainda
tenho, eu ainda tenho esse e-mail cara, e aí é ele, ele, o
pessoal da clínica falou não desesperada e tal.

(10:52):
Imagina, a gente quer 4 anos mesmo, foi um erro da gente,
vamos fazer 4 anos e aí saiu. Isto né?
EE, eu acabei, eu fui pra pra Austrália, vim pra cá e eu me
lembro muito bem que assim eu euconsegui uma casa é, eu aluguei
um quarto na casa de uma senhoraque ainda hoje ela é muito minha
amiga, uma senhora muito bacana assim né?

(11:16):
Tinha 65 anos, vem, é uma figura, ela ela faz caminhadas,
ela viaja pra todo canto e tal, super ativa e ela me ofereceu
para me buscar no aeroporto. Me lembra, no aeroporto de São
Paulo, meu pai olhou para mim e falou assim, você tenho certeza
que está dando tudo certo, não, assim é alguma coisa estranha aí
está dando tudo muito certo, né?E eu não vamos, vamos nessa,

(11:38):
vamos tentar. EE vim e foi assim, assim, eu
fiquei nessa clínica durante 4 anos, né?
E foi foi um processo, enquanto deu tudo certo foi muito bom,
né? E assim que eu tive a
oportunidade de conseguir o visto de de trabalho, de
trabalho, não visto de residência, assim que.
Que deu tempo para eu conseguir o vestir residência.

(12:00):
Eu apliquei para o vestir residência, consegui o vestir
residência e aí foi muito fácil porque eu já tinha é, eu ainda
tive que fazer, aí não foi muitasorte.
Eu tive que fazer novamente todoo iels de novo, porque o meu já
tinha vencido e na época eu tinha que passar por um processo
novamente. Mas é, eu consegui, é de certa
forma fácil assim, né? Eu cheguei na Austrália com.

(12:22):
Dinheiro emprestado nunca tinha pisado na Austrália, não
conhecia ninguém, eu tinha 100 USD no bolso, cheguei na
sexta-feira, comecei a trabalharna segunda, EEE vai fazer, fez
11 anos, vou fazer 12 anos agoraem maio, né?
Ano que vem e eu é. E foi assim, toda vez que ela me
pergunta a Gabriela como é que foi, eu falo, olha, o meu

(12:43):
processo foi um processo muito incomum, ele não foi um processo
muito normal, né? E eu reconheço muito isso,
porque realmente teve muita. Muita sorte envolvida, né?
Teve muito trabalho, teve muito,muita perceção, muita de estar
tentando, colocando a minha caratapa, EEEE tentando ver, né, que

(13:05):
é que eu conseguia, que é uma coisa que a minha mãe me ensinou
assim, é uma das das coisas que eu mais carrego comigo, que é Oo
não, você já tem, né? Então assim, tenta que pelo
menos você, você, você vai ter acerteza de que não vai dar
certo, mas assim sempre pergunta, tenta se você não
perguntar se não sai do lugar. E isso foi muito bom assim, eu,

(13:25):
eu foi, foi uma experiência bem,bem única das pessoas que eu
conheço, né, mas que eu, eu, quando eu trouxe AA
possibilidade da gente conversarsobre isso, né, Bárbara, que foi
porque muitas vezes as pessoas acham certo, tem que voltar pra
de volta pro meu país ou que nãodeu certo, então eu sou
incompetente, mas às vezes é sorte, né?

(13:46):
Algumas coisas assim, somente sorte, mas essa foi bem o meu
básico, do básico, do básico. Agora vamos ouvir a Índia.
Esse lema que você falou que o não já tem deveria ser o lema de
todo Imigrante, inclusive porqueeu falo isso sempre, gente, o
não já tem. Mas contando um pouco da minha
história, eu também não comecei por Portugal.
Eu em 2. Eu me formei em jornalismo em

(14:07):
dezembro de 2018 e em seguida eufui ali.
Em maio de 2019, eu cheguei na Irlanda, mas eu tava ali 3 anos
antes, juntando dinheiro e me organizando, porque meu sonho
era ser Glória Maria. Então eu vi a Globo reportantes
de saber que eu queria ser jornalista.
Eu queria ali tá no Globo repórter e aí fazendo o curso de
jornalismo, eu sou de Feira de Santana, na Bahia, e eu consegui

(14:29):
enxergar de que o que eu almejava sem inglês não daria
certo. Então eu comecei a juntar
dinheiro, porque eu não tinha inglês.
Fui pra Irlanda sem inglês, é, mas fui pra estudar.
Então o intercâmbio é isso aí, eaí tá valendo.
E aí eu fui. Cheguei lá em maio de 2019,
peguei o período da pandemia. Ali em 2020, então foi foi bem

(14:50):
desafiador, porque quando o meu inglês estava começando a virar,
teve essa pausa, né? Então a gente teve aula online,
mas não é a mesma coisa, e trabalhei ali no Starbucks e
tudo mais como babá. Enfim, foi experiência que eu
digo que a Irlanda é como se fosse uma mãe para mim, assim,
sabe? Um lugar onde hoje, atualmente,
eu não moraria. Acho que o clima interfere muito

(15:10):
e também a qualidade de vida, né?
Eu acho que tem que ganhar muitopara ter 11 vida mais
confortável lá, só que quando foi acabando a experiência do
intercâmbio. Que como estudante de inglês a
gente pode ficar 2 anos, né? Vai 8 meses, renova por mais 2
vezes eu fui vendo que eu não queria voltar para o Brasil.
Primeiro pela Acessibilidade, né?
No Brasil eu venho de uma família muito pobre, onde eu
sempre quis viajar, mas eu nuncapude.

(15:32):
Então era tipo, é engraçado que quando eu conheço as pessoas
aqui que são do sudeste, as pessoas falam, Ah, eu fui pro
pra Porto Seguro na Bahia e eu nunca fui, porque Porto Seguro
pra mim era muito caro pra poderchegar até lá.
E eu estou dentro da Bahia, imagina até meu chefe.
E eu tive um chefe no supermercado que é da Polônia e
tinha ido em Porto Seguro e eu nunca tinha ido.

(15:53):
Quando eu fiz entrevista eu falei que era da Bahia, AI eu já
fui comer acarajé. Eu fiquei, gente, como assim?
Então eu sempre quis viajar, conhecer mais do mundo e ir lá
dentro da da minha realidade. Idade, eu eu digo que a minha
experiência hoje morando fora, meio que eu consegui acelerar um
pouco a minha ascensão. Acho que no Brasil demoraria
muito mais. E aí eu comecei a planejar, ver
as as possibilidades, namorei a ideia de um mestrado aqui em

(16:16):
Portugal. Acabou que no final das contas
eu dei entrada em um visto de empreendedor.
É o visto que eu estou até hoje.E aí a sorte, né, entre aspas, é
porque eu, assim eu via a as dificuldades que os brasileiros
passam nessa imigração aqui em Portugal.
Então tem muita gente que vem e aí ainda não deu entrada no
visto, dá quando chega aqui, isso tá mudando no último ano

(16:39):
pra cá, mas era uma coisa muito comum.
Então aí eu tenho amigos que ficaram 3 anos sem visto, 4 anos
sem visto e como eu já tava sentindo, gostinho assim, né, de
poxa, eu posso viajar aqui dentro da Europa, é muito mais
fácil. Você pegou a companhia de baixo
custo e tá em outro país num valor muito acessível e peguei a
pandemia que me parou, me brecou.
Aí eu falei, não, não quero demorar nesse processo e quero

(17:02):
não, não. Então, aqui tem muito
brasileiro, a comunidade brasileira é enorme.
Eu acho que eu já sabia disso, mas eu tive noção na última
eleição. Quando eu fui ali, eu falei,
gente, muito brasileiro aqui e acomunidade é muito grande, mas
eu acho que é meio que metade, metade.
Muita gente passa por muita dificuldade nessa experiência e
tem uma parte também que tá ali bem planejada.

(17:24):
Acho que foi o meu caso. Eu me planejei muito, né?
Irlanda, eu comecei a juntar dinheiro e na minha cabeça era
assim, eu não quero trabalhar. Com os mesmos trabalhos que eu
fiz na Irlanda, aqui em Portugal, não desmerecendo esses
trabalhos, claro, mas primeiro que proporcionalmente não pagava
bem como paga na Irlanda, né? Na Irlanda trabalhei como babá,
faxineira, tudo, mas eu conseguia ter uma qualidade de

(17:46):
vida, ok? E eu já sabia que seria assim,
porque eu não tinha inglês, então não tinha como eu chegar
lá e falar, AI, sou formado em jornalismo, vou trabalhar aqui,
não tinha como. Então eu já já já estava com a
mente aberta em relação a isso, mas a minha cabeça é, depois eu
aprendi inglês, eu já tenho experiência morando em outra.
Outro país agora eu vou com um planejamento melhor, é uma
estrutura melhor, eu acho, né, mais confortável.

(18:08):
E aí é, eu acho que é outra sorte também que minha
experiência vem sendo muito positiva.
É porque eu não trabalhei fisicamente em algum lugar aqui
em Portugal, meus trabalhos foram todos online, é, eu
trabalhava para empresa na Irlanda, né?
E também abri essa empresa de marketing aqui em sociedade e
tal. E agora eu estou só com a minha
agência, que é uma agência de viagem voltada para pessoas que

(18:29):
querem imigrar. Fazer intercâmbio e então eu
estou assim, aprendendo desde então, né?
Em vários, em vários meios. Eu estou aqui desde 2021 e eu
dei entrada no meu visto na embaixada de Portugal na
Irlanda. Então quando eu cheguei aqui eu
já estava com a minha marcação No No no posto de imigração, né?
Eu cheguei em setembro, em dezembro eu já estava com com

(18:51):
tudo encaminhado, já tirei o visto em janeiro, chegou, então
realmente é foi muito rápido. Eu tinha amigos que já estavam
aqui há 1 ano e não tinha nem marcação ainda.
No posto de imigração, então, assim é, ano que vem eu já
completo 5 anos de visto aqui e aí também já tem aquele processo
de nacionalidade e tudo mais. Mas eu tinha muito medo de
passar por xenofobia, racismo e tudo mais.

(19:13):
Então eu já vim assim, meio que blindado.
Eu falei, não, não, não vou me submeter a isso.
Acho que a Irlanda era muito receptiva também.
Então eu já sabia como seriam ascoisas aqui e assim, ainda bem
que eu tive esse planejamento, porque as pessoas que eu
converso que tenham experiência ruim, infelizmente está muito
ligada a um ambiente de trabalhoa ter vindo com 111, dinheiro
assim mais apertado. Então na Irlanda eu trabalhei

(19:36):
muito no meu último período ali,já trabalhava muito, mas assim,
nos últimos meses eu tava trabalhando 50 horas por semana,
55 horas sim, é tudo pra chegar lá mais confortável.
Então eu vim com uma boa reservae.
Com vício e tudo mais. Então casos extremos que eu vejo
que outras pessoas já passaram aqui.
Eu não passei isso para não passar também.

(19:56):
Então isso é aquela coisa da sorte também.
Mas o planejamento que veio anteriormente, né, nesse
processo? É sorte que vem pela experiência
anterior, né? Também, porque assim, quando
quando eu vim pra Austrália, umacoisa que foi muito diferente
foi o fato de que quando a gentequando eu fui pra Nova Zelândia
é a gente realmente largou tudo no Brasil e foi eu e.

(20:19):
EEO meu companheiro, né? E quando eu for pra vim aqui pra
Austrália, a gente já falou assim, não, não é se eu vou
ficar os 3 meses de aviso, né, do período probatório e aí
quando as coisas estiverem tranquila e ele vi, ele veio,
né? E assim até nisso a gente
modificou um pouco também. Então é é é meio que AA sorte

(20:41):
vem pela pela blindagem da experiência da da anterior, né,
que que não foi necessariamente fácil.
Não e até o planejamento, né? Quando você conta do Ah, eu
dentro da faculdade, eu já programei, eu quero passar por
isso. Então nossa, AI que sorte, você
chegou aqui. Só trabalha de psicóloga, sim,

(21:01):
mas você viu que ao invés de fazer só 600 horas de estágio,
eu fiz quase o triplo? Você viu que eu fiz isso?
Isso, isso. Então é muitas vezes essas.
Viradas de chave, tudo. Sei lá, né?
O que que a gente quer chamar aqui a gente considera a sorte

(21:22):
foi só que a gente deu, deu muito trabalho até chegar
naquele ponto pra sim, aí você dá sorte de ter.
Abençoado de um Hermano ali que ela, mas assim, com muito mais
coisa preparada. Então ela já tinha a língua, ela

(21:43):
já tinha o registro feito em outro país que era muito mais
fácil de você transferir para outro.
Então o mais difícil ali era. Aplicar a sorte inicial foi eu
ter conseguido ver isso enquantoeu ainda estava na faculdade.
Sim, foi você ter tido a maturidade.
De. É.

(22:04):
De falar, deixa eu pensar na Gabriela do futuro.
Exatamente. É muito isso quando a gente está
pensando no futuro. Eu hoje, tudo que eu tenho, eu
agradeço a Indiana que estava noBrasil, que falou, vou fazer
intercâmbio na Irlanda, porque talvez se eu viesse direto para
Portugal, minha experiência seria totalmente diferente.
Assim, já não teria o inglês assim de cara, né?
Poderia estar estudando depois, mas o planejamento de já estar

(22:25):
assim. Na Irlanda, de euro para euro,
então é muito mais fácil. Você vim com uma reserva boa e
essa malícia, né? Esse não.
Eu tenho que me planejar melhor para isso e tal.
A Irlanda meio que abriu realmente o caminho para mim.
Abriu, abriu todas as portas assim.
E eu eu brinco muito que a primeira experiência, Gabi, não
sei se você se sente assim. Deixa a gente, tipo, me joga no

(22:46):
Japão. Eu vou me virar depois da
primeira experiência que a gentevai sem saber ninguém, sem
conhecer ninguém no lugar assim sabe ter noção de nada.
E a gente se vira, me joga em qualquer lugar que eu vou me
virar. Eu, eu levo isso pra vida.
Exatamente, não, exatamente. É por aí mesmo.
E tem coisas assim também, que que assim na Nova Zelândia
também trabalhei de faxineira, né?

(23:07):
Também eu trabalhava com com é regularmente com um pessoal que
fazia viagem estudantil. Né, assim de finais de semana,
então levava a galera para conhecer os pontos turísticos da
Austrália, da da nova semana, né?
Mas durante a semana eu trabalhava com faxina também e
tal, EEE fazia e até mesmo no Brasil.

(23:27):
Assim, quando eu tava em Floripaeu trabalhei em restaurante de
amiga para poder pagar dinheiro para pós, porque para poder
melhorar o currículo, para podersair.
Então eu lembro assim de passar o dia inteiro na cozinha e
atender paciente. Sempre tive tempo de tomar banho
e fazer na fritura. E aí depois de atender o
paciente ainda IA ter aula na pós até às 10:00 da noite.

(23:49):
Então é, são são coisas assim que que é não desmereceram,
porque eu acho que todos, todos nós, a gente vê muita gente
fazendo muita coisa, né? E realmente tentando muito.
Mas a gente não pode negar que às vezes assim tem tem coisas
que se eu não tivesse visto aquela carta naquele horário e

(24:10):
tentado sentar para mudar, né? A minha, a minha expectativa de
conseguir um trabalho. Claro, teria sido muito menor se
essa abençoada dessa preciosa não tivesse mandado e-mail e
falado que o visto podia ser de 4 anos e não um ano, entendeu,
né? Então assim tem, tem muitas
dessas coisas e uma das coisas que eu ouvi muito na época na

(24:30):
Nova Zelândia, que me magoaram muito, que é assim, se você
realmente quiser, você consegue,né?
Realmente quiser, você consegue e a gente eu realmente quero.
Mas assim, pra mim, psicologia émais importante do que ficar na
Nova Zelândia, né, na época. Era EE, eu realmente quero, mas
até que.eu acho que isso é maior, sabe?

(24:50):
O esforço é, é, é, vale a pena, realmente vale a pena e às
vezes, de repente, eu nem eu, eunão sou uma pessoa que acredita
muito em destino, mas hoje em dia eu já estou começando a
questionar um pouco isso, porqueeu não as coisas que olha assim
a gente não, não, né? Não tem outra, não tem outra
explicação, mas é, é tem coisas que às vezes pode ser que você

(25:11):
só está na primeira experiência,está no país no primeiro.
Qualquer país, você pode ser quevocê tenha que voltar para o
Brasil para poder ir para o segundo e vai dar tudo certo no
segundo, sabe? E assim, mas quando a gente
volta, é um é, é tão derrotante,é tão é tão desmoralizante.
Você. É, é.

(25:34):
Eu me lembro quando eu tava voltando na Nova Zelândia,
inclusive esses dias eu vi Oo filme novamente com o meu filho.
E aí eu nossa, não lembrava dessa música.
Na época que a gente estava voltando, tinha acabado de
lançar o Alice no País das Maravilhas do timber, né?
E na hora que eu entrei no avião, eu voltei ouvindo, assim,
eu coloquei o fone do ouvido e estava tocando a música da Avril

(25:56):
Lavigne, né, que é a música do filme e é uma música que
encaixava perfeitamente o que euestava experienciando na época
assim, e aquela música ficou muito marcante para mim.
Eu chorava, o avião levantando voo, eu chorava, chorava, me
sentindo uma bosta. Foi uma cena de.
Total. É EEE, ela fala que né, que vai

(26:17):
vai sair do buraco, que ela vai voltar e que ela vai, não sei o
que, é uma música muito legal. EE recentemente eu vi, aí eu
lembrei novamente disso assim, mas assim é o você voltar
derrotado, muito derrotado, e assim você realmente fez, fez o
que dava para ser feito, sabe? E às vezes é, é um passo para
outra coisa, às vezes é só foi só falta de sorte mesmo,

(26:40):
competência, e você teve competência, né?
Pode ser. Falta de você tá num local que é
que tem preconceito para caramba?
Você tá num local que tem. Eu não tive muito preconceito na
Austrália, né? Assim, a Austrália é um país
bastante preconceituoso. Mas eu acho que pelo fato de eu
ser profissional de saúde, isso me blindou um pouco, né?

(27:00):
Assim, Eu Acredito que isso tenha me blindado bastante,
porque a Bárbara pode confirmar que basicamente todos os
profissionais de saúde desse país são imigrantes.
Olha, eu tô aqui, eu tô para completar 19 anos.
Nossa, vocês tem muito tempo morando fora.
Eu sou um bebê, tenho 6 anos. Só eu.
Consigo talvez contar nas vezes de uma mão, profissionais da

(27:22):
saúde que são, aos que são assim, nascidos no país.
É, né? Então assim, a população está
muito acostumada com isso e aí eu não, eu não tive, eu não tive
muito isso. E também tem a questão que a
gente não pode negar privilégio,né?
Porque é, eu sou branca, né? Loura é, e essa?

(27:43):
Assim, o que eu mais ouço, o queeu ainda hoje, o que eu mais
ouço é, nossa, você não parece brasileira?
AI é outra frase que eu odeio. Eu tenho um ódio nessa frase
também, sabe? E mas é, infelizmente é uma
coisa que eu não posso negar, que eu não tenho certeza até que
ponto, porque é aquele privilégio que você não vê

(28:03):
sempre se você está dentro dele,né?
Que. Tem vezes que não dá para
quantificar, então, por exemplo,o seu currículo.
Currículo é um papel. Ele não tem a tua cara ali, ó,
mas aí uma vez que você faz uma entrevista, aí você fica tipo,
tá, eu sou foda, mas assim tinhauma outra pessoa que também que

(28:24):
era foda igualmente, e aí? E às vezes a gente não tem como
quantificar, às vezes foi só quetipo, realmente o Santo bateu e
podia ser uma outra pessoa. Branca, loira também, não sei o
que mais o Santo bateu com você,beleza e vida que segue, mas é e
isso que é sobre Oo racismo daqui da Austrália, que é muito

(28:45):
interessante, porque assim, ainda mais com a Gabi de boca
fechada, é mais passável ainda, porque tem algumas pessoas que
você bate o olho, eles já sabem,é Imigrante, é Latino.
Mas no Brasil a gente é branca, aqui não, a Gabriela não é
branca, ela é Latina, Latina é uma, é uma etnia.

(29:08):
Então, tipo, sabe, tem negro, tem Brown, né, que é people of
color, então seria aqui na Austrália, então, tipo,
indianos, paquistaneses e a população aborígena, então
dentro do Brown tem agen, né? Então os asiáticos e os latinos,
que o Latino é tipo assim, é aquela.
A do acho que combina tudo que pode ter Latino preto, pode ter

(29:31):
Latino, asiático pode ter Latinoé tudo Latino.
É exatamente. E é uma coisa que para mim é, eu
sei que facilitou, mas eu não tenho como quantificar o quanto
eu facilitou. Eu tenho certeza disso assim,
que eu não tenho capacidade de de perceber o quanto, mas é o
fato de ser profissional de saúde e ser branca.

(29:53):
Eu tenho certeza que me blindou bastante disso, que aí é o
privilégio, né? Né?
Uma probabilidade bem diferente assim e que que me me me
estressa muito. Mas sabe que é uma coisa que é
engraçada é que apesar da carta que eu que eu fiz em ter
conseguido, é modificar o meu registro como especialista
clínica, né? Porque assim isso abre muitas

(30:15):
portas pra pra pra emprego, né? É então a minha, a minha
capacidade de conseguir emprego tendo a especialidade clínica é
muito maior. Mas se eu estou aqui há 12 para
fazer 12 anos, eu acho que por volta de 6, essa carta me me me
era era 11. Desastre para mim, né?

(30:36):
Pessoalmente, assim, porque comoeu não tinha passado pelo mesmo
processo do pessoal, vem aquela sensação de você foi sorte.
Só eu sou o underdog, eu não soutão capaz como essas pessoas,
né? É, é, não era para eles terem me
dado isso, sabe? Enfim, assim, foi um processo
que demorou bastante tempo até que eu comecei a supervisionar

(30:59):
estudante de mestrado. E aí quando eu comecei a
supervisionar estudante de mestrado foi que eu comecei a
ter uma noção do que foi, que é.Eu comprovei pela minha carta
que eu tinha. E hoje em dia eu vejo que eu que
eu essa carta assim, eu eu tenhomuita capacidade, né?
Eu eu supervisiono os estudantesque estão fazendo essa

(31:20):
especialização clínica, né? E foi foi nesse processo que eu
comecei. Só que aí eu entrei em parafuso
na época, entrei em parafuso muito grande, né?
De de olhar assim e falar assim,não, gente, mas espera aí, é
isso, como assim a nossa qualidade de ensino no Brasil é
muito melhor, né? EE, como é que pode tá tudo
mais, mas foi foi bem isso assimdo do eu consegui fácil.

(31:43):
Então eu não tenho totalmente a noção do será que eu tenho o que
é que eles queriam que eu tivesse, né?
E isso me abedrontou por por muito tempo, até que realmente
eu comecei a. A supervisionar e recentemente
também, quando eu fiz o mestradoem saúde pública no é Oo
mestrado pela da universidade deQueensland.
Aqui eu acho que é o quinto, o melhor mestrado de saúde pública

(32:04):
do mundo. E a gente estudando é pessoal,
eu estudando é, é. Determinantes sociais de saúde
em todo mundo. Assim, nossa senhora realmente
pobreza o impacto na saúde. Eu olhava para o lado assim.
Gente, você Ah. Você, gente, pelo amor de Deus,

(32:26):
eu realmente eu entrei em parafuso.
Eu tive, eu tive que fazer uma consulta com, com, com e na
época eu tinha acabado de ser diagnosticada com TDHEE, estava
medicada. Então assim o mundo começou a
ter outro efeito para ver, né? Medicado.
E eu olhava assim, eu falava, caralho, que isso, gente?
Sim, né? E aí é, teve uma vez que eu
comecei AAA, uma conversa no mestrado e eu falando com a

(32:49):
menina e ela menina, sem entender uma coisa sobre
construtivismo e tal, falei, não, porque um é a parte
epistemológica do negócio, é outro é a praxis, né?
A prática. Mesmo assim, elas não são
necessariamente diferentes, é sóa forma de você estar olhando,
um é o estudo daquilo, o outro éa prática daquilo, e ela não
conseguia entender o que eu estava falando, né?
E assim, AA sensação que eu tenho aquele de.

(33:12):
Dia foi muito louca. Sabe aquele aquele meme do John
travolter, né? No No no Pulp Fiction que ele
fica olhando para o lado assim, foi isso, meu corpo, a minha
alma saiu assim e eu fiquei olhando para o lado, disse
assim, gente, pelo amor de Deus,vocês estão vendo isso, sou eu
que estou vendo isso. Que discussão é essa no
mestrado? Né?
EE assim, entrei num parafuso muito grande.

(33:32):
E aí foi nessa mesma época eu tive uma outra experiência que
para mim foi muito louca, que também foi sorte assim.
Essa não tem como negar que foi muita sorte foi que eu fui
chamada para um Congresso para eu apresentar um negócio no
encontro. Não sei quem foi que me
conhecia, não, não, não tenho a menor ideia de quem foi que

(33:54):
veio, da onde veio esse, esse, esse convite, né?
Mas foi no meu no na semana seguinte, é meu aniversário de
40 anos, então para mim foi foi muito marcante, né, em Sydney,
quando a dona Ritinha, né, dona Rita von hunty e a saia em
Sydney pela pela primeira vez, né?
E aí a Nina que a Nina Caxambu tinha tinha trazido, eu conheci

(34:18):
a Nina. Por por não.
Não conhecia a Nina, mas a gentetinha amigos em comuns, né?
E aí eu entrei em contato com a Nina.
Nina, pelo amor de Deus, eu, eu preciso, eu preciso conhecer
ela. E aí eu encontrei com com com
Ela E Eu conversando com ela rapidamente, a gente.
Foi foi num trem, num trem conversando e tal.
Nem num trem batendo papo EE, eucontei mais ou menos a minha

(34:40):
história para ela. E essa aquela criatura enorme,
tu conheceu ela, né? Bárbara conheceu o Guilherme.
E aí? A bicha montada a.
Bicha montada, ela é. Enorme a Rita de um rancho, ela
é muito maravilhosa. Aquela coisa assim que eu ainda
nossa, eu guardo um coração, foto, fica tempo.
E aí aquela criatura parou, olhou para minha cara, segurou
no meu rosto e falou assim, olha, ser o underdog é a maior

(35:04):
força. Que você tem, não esconda isso.
Luzias, né? E a lágrima escorrendo aqui do
lado assim, sabe assim, sim, sim, senhora, eu vou fazer isso.
EE foi para mim foi uma experiência de chegar e
realmente começar a olhar para olado e ter essa capacidade dos
seus 40 anos, quase 10 anos aquide não espera aí, gente, no

(35:27):
Brasil é bom, sabe assim não é sorte, é capacidade, né?
Está falando sobre Paulo Freire no mestrado e eu.
Olhava assim o pessoal nossa, que fundamental, maravilhoso e
tal. E eu, gente, eu estudei isso 20
anos atrás, sabe? Como é que pode um negócio
desse? Então é, é 11.

(35:48):
Eu acho que é um privilégio de de você ter a capacidade de foi,
foi, teve muito privilégio na minha história e muita, muita
sorte na minha história assim, sabe?
De ter esses momentos de chegar e falar.
Caramba, né? Não era tão não era tão ruim
assim, né? E eu imagino que talvez você
também passe por isso assim, né?Não necessariamente preconceito,

(36:10):
no teu caso seja contrário, né? De você pode falar mais, mas.
Eu eu acho. Eu acho que eu tive sorte no meu
processo e hoje, olhando em retrospetiva, é uma coisa que eu
demorei um pouco para perceber, porque eu tenho muita eu.
Eu sou, eu tenho. Eu carrego muito a minha
ancestralidade comigo, né? Então, tipo, minha avó era mãe
de Santo Na Na Na Bahia, e eu nasci muito ali dentro do do

(36:32):
dendê, como a gente fala lá na Bahia.
E aí, por exemplo, hoje eu estoucom uma empresa, tem 1 ano que
eu estou com 100% ali empreendendo.
Então, tipo, já tinha empreendido em pequenas coisas
ou aí fazendo uma coisa paralelaa outra, mas agora eu estou 100%
com o meu negócio. E eu tenho 29 anos, então quem
olha de fora e fala assim, nossa, 29 anos, já tá com o

(36:55):
negócio, morando em Portugal, emoutro país, enfim, não vê tudo
que eu passei antes. E aí, olhando em retrospectiva,
por exemplo, é eu, minha mãe vende perfume, minha mãe me
criou vendendo perfume. Avon, Natura, é O Boticário.
Então, com 8, 10 anos, eu já tava ajudando o mainha a vender.
E é muito engraçado porque eu vendo com a facilidade, eu me

(37:15):
orgulho, por exemplo, muito do jeito que eu vendo, porque não é
aquela venda de não compra comigo.
Eu não sei o que, eu não sei o que minha mãe.
Ela é muito empática. Eu falo sempre que que a
simpatia e a empatia que eu tenho vem muito de manhã.
E da minha avó, porque assim, minha avó, ela morreu
analfabeta. Mas pra mim, a mulher mais sábia
que eu já conheci na minha vida,o meu documentário do TCC, né?

(37:36):
Na, no, na, na finalização do meu curso, foi sobre a história
da minha avó trazendo ali, né, AO candomblé e tal.
Mas AA figura principal, era minha avó, então vim da onde eu
vim, apesar das dificuldades financeiras, foi 11 grande
privilégio. Eu falo muito assim, Ah, esse
neta de vvé me levou pra longe. Porque eu sei muito de mim

(37:58):
também. E eu acho que é uma coisa que
quando a gente vai morar fora, agente se perde muito, né?
E eu acho que a eu, eu, às vezesque eu via que me perdeu,
falava, OPA, não, essa aqui sou eu.
E, por exemplo, quando eu fui pra Irlanda, eu fui com o
companheiro do Brasil que conheci na faculdade, tudo mais
relacionamento de 7 anos e terminei aqui em Portugal depois

(38:19):
de 7 anos. E aí, quando eu terminei esse
relacionamento, mainha perguntouse eu IA voltar para o Brasil.
E eu, quando eu fui para a Irlanda, apesar de ir junto com
uma pessoa, eu tinha os meus objetivos muito bem definidos.
E é uma coisa que eu falo, sempre vai em casal, mas vai
cada um com o seu propósito, porque quando as coisas apertam,
por mais que você vá com planejamento, 1 hora vai

(38:40):
apertar. E se você vai só exclusivamente,
porque assim às vezes é, Ah, eu me incentivo por causa de um ou
do ou de outro, mas faz o seu plano de vida também, da sua
carreira, enfim, e continuei morei sozinha por um período e
nesse período eu assim desde sempre, eu sempre falava, eu até
brincava, zoava, né? As minhas amigas que ficavam com
homem europeia. Eu sempre falei, gente, eu nunca

(39:01):
vou. Ficar com o europeu e eu nunca
vou ficar com o branco. Corta.
E aí é outra coisa que eu falo muito dessa sorte e privilégio
de ser criada por mainha e por Vovó, porque eu nunca me perdi
de mim, mas paguei a língua. Estou namorando com estou noiva
de um branco português. Paguei muita língua, eu paguei

(39:23):
muita a língua. E aí quando todo?
Mundo tinha um a maternidade. É a maternidade, só paga a
língua o tempo todo. Gente, eu estou aqui para pagar
essa língua. E aí assim, quando um dos um dos
motivos que eu falava que eu nãoqueria namorar com português é
porque todas as minhas amigas que se relacionavam falava,

(39:43):
enfim, AI, porque isso porque a família não te trata bem, tem
muitos do racismo, muita xenofobia.
O que eu falei lá no início e quando eu conto a minha história
com meu companheiro é tipo assim, nossa, deu muita sorte.
E eu acho que eu também dei sorte sim, não vou mentir.
Porém, eu acho que desde sempre era isso aqui, ó, olha gato, sou
uma mulher negra, vamos entendersobre raça, você está aí na sua

(40:05):
bolha, eu não estou aqui para ser token de ninguém, vamos ler
as coisinhas, ele foi lá lendo opequeno manual anti racista de
Jamila Ribeiro, ele se tocando ao mundo é assim, então assim,
eu acho que tem a sorte da pessoa estar disponível para
isso, porém eu não, eu desde o dia um eu estava ali primeiro
que eu não pensava em namorar, eu estava assim AI curtindo a
fase solteira, eu falei, vamos ver o que que está aqui, né?

(40:26):
E aí é o engraçado. Bárbara, quando você falou
palmiteira, era uma Noia minha, ficava, gente, eu não posso ser
palmiteira. Só que como eu tinha um canal
com 60000 inscritos no YouTube e, enfim, era muito falando
sobre experiência em Portugal, Irlanda, até em Malta, quando eu
fui, o menino que eu deméti brasileiro, me conhecia do
canal. Então as pessoas tinham a ideia
do canal, que era com meu ex, e na época ainda não tinha

(40:47):
divulgado que eu estava solteira.
A gente segurou um pouquinho ali, né?
Eu falei, AI, vamos ver o que que a gente IA fazer com isso
aqui, o que era uma produção de conteúdo conjunta.
E aí eu fiquei assim, gente, eu não vou poder ficar com o
brasileiro, meu mundo caiu e eu tive que abrir o vou abrir aqui
o leque, mas muito assim vendo oque vai dar e só curtir a fase

(41:08):
solteira e aqui estou eu. Eu acho que tive sorte sim de
uma pessoa estar disponível e tudo mais, mas de saber quem eu
sou e falar, olha, isso aqui, isso aqui eu aceito isso aqui eu
não aceito o que é negociável para mim e o que não é.
E eu vejo muito que lógico, tem tem homem, a gente sabe, né?
Homem hétero tá aí pra. Pra gente passar desgosto.

(41:28):
Mas uma coisa que eu percebo muito é que tem muita mulher
também que não sabe de si, não sabe o que quer e acaba
aceitando qualquer coisa desde oinício.
Então a gente, e eu acho que em várias camadas da vida, né,
pessoas que podem estar escutando a gente talvez seja
Imigrante, talvez não seja. E aí às vezes você olha para um
relacionamento de alguém ou paraa carreira de alguém, para a
vida de alguém falar e dou muitasorte.

(41:48):
Mas tá, o que é que você tem investindo também?
AA Gabi pode falar também enquanto psicóloga, né?
Não? No seu autoconhecimento, no seu
autoamor para poder se envolver com outras pessoas em talino ou
na sua carreira, et cetera. Eu acho que vai muito disso
também. Acho que quando você tem essa
raiz muito forte de quem você, édifícil você se perder, sabe?
Tem uma menina No No, no face, No No face, não no Instagram,

(42:09):
que eu sei com ela que é muito boa.
AA Adriana. Esqueci o nome, sobrenome dela.
Agora que ela fala sobre é AA namonogamia.
É, e o patriarcado, né? E ela fala muito, muito
interessante a posição dela que é, tem um, ela tem um livro que
é AA, não monogamia, só existe na cabeça da mulher apaixonada,
né? Porque é é você, homem, é, é,

(42:33):
trai e associalmente, aceito quetrai e tal e tudo mais, mas é
muito isso assim do você, a gente dentro do patriarcado, a
gente é educado muito. AA ser escolhida, a gente é a
escolhida, né? E aí?
Alguém vai vim, vai, vai, é é cuidar da gente, vai colocar,
né? A gente naquela posição e tal.

(42:55):
E ela fala muito disso, assim degente, vocês precisam entender
como é que o sistema funciona para vocês, se escolherem, né?
Assim, a gente precisa se escolher e cuidar de si mesmo
para vocês terem e ir com a cabeça bem bem clara quando
vocês tiverem num relacionamentocom qualquer pessoa.
Né, porque se não você se perde mesmo assim, a gente se a gente
se perde mesmo, né? E eu não, e eu não sou, não sou

(43:16):
é é imune a isso, a Bárbara também não é imune a isso.
Assim, apesar de de de de estarmos em relacionamentos
longos, né? É, é, mas é, é.
Sabemos bem como é que é, se a gente não tomar cuidado, né?
EEEE prestar atenção na gente, oque é que a gente pode fazer e
tal e tudo mais. A gente acaba sendo engolida
pelo sistema que que ele busca, é isso mesmo.

(43:38):
Sim, e aí? Engraçado, porque hoje em dia eu
faço terapia e aí realmente ativamente busco esse
autoconhecimento. Mas desde muito nova é eu, meu
pai era ausente, né? Então assim, era muito e mainha
e eu via tudo que eu não queria,mesmo sem entender ali dando
nome pra aquilo. Eu já via o que eu não queria.
Então desde muito nova, eu era oque naquela época era lido como

(44:00):
difícil. Eu lembro no meu primeiro, meu
segundo trabalho, eu tinha 17 anos e tinha entrado como jovem
aprendiz. 11 cara falou para mim, Ah, você vai ser muito
difícil de arranjar alguém, vocêé muito difícil.
Eu com 17 anos e eu falei assim,tá bom, não tô procurando
ninguém. Então assim, eu era muito, a
gente chama na baía de queixuda,né?
Eu sempre fui muito ousada, minha mãe sempre falava isso,

(44:22):
então eu acho que é querendo não, esse contexto de
turbulência e tudo mais. Eu vi o que minha mãe passou,
por exemplo, me criando sozinha.Então eu ficava, gente, não,
isso aqui eu não quero para mim.Então eu acho que foi uma coisa
que eu fiquei assim, parece que eu fiquei vacinada contra homem
que sabe que você está vendo alié homem escroto, já estava
assim, AI, jão, eu não, meu nomeé tchau, fui e eu acho que

(44:44):
também isso da de como eu comecei a trabalhar muito cedo
também com 16 anos eu fui criando.
Eu lembro que eu trabalhava em um call center e aí era
engraçado porque quando eu fui, eu era muito menina, muito
inocente mesmo, e aí eu vi uma. Era só mulheres no setor.
E aí uma que era muito amiga da outra, quando a outra saiu,
começou a falar mal e eu chegueiem casa.

(45:06):
Eu falei, mainha, eu tipo, fulana é amiga de fulana e
estava falando mal. E a minha fulana, minha filha,
infelizmente é um ambiente de trabalho, traz isso e tal, tipo
assim, acho que era só 2 semanasque eu estava no trabalho e eu
fiquei horrorizada com aquilo, porque não era a minha educação.
E desde sempre, eu também nunca tive isso de AI, é mulher contra
a mulher, sabe? E aí eram eram coisinhas que eu
não sabia nomear porque, por exemplo, a minha família é

(45:29):
totalmente matriarcal, minha avó, líder religiosa. 9 filhos,
5 mulheres que botaram aquela casa para rodar e foi um filho
ajudando a criar o outro. Então antes de nomear, de saber,
Ah, eu sou feminista, eu já, eu já tinha raiz feminista sem
saber na prática, sabe? Com minha avó, minha avó, depois
do nono filho, meu avô não estava chegando junto na época
da minha avó, ela, OPA, vai embora, que minha avó criou 9

(45:51):
filhos sozinha, então na minha cabeça era assim, meu Deus, eu
não posso aceitar menos que issoaqui, se o cara não está
chegando junto, não está agregando valor, eu não preciso,
eu já estou aqui no meu corre e não preciso disso, então acho
que tu. Tudo isso também traz ali.
É AA sorte da pessoa e o privilégio de você.
Vai quando ver a pessoa prosperando, vai entender um
pouquinho da história, porque não é Do Nada.

(46:11):
Eu acho que nunca é Do Nada. Só se ela for herdeira.
E olhe lá, porque tem gente com dinheiro mal amada, margo, por
aí. Pois é.
Exatamente. Escutando vocês falarem
bastante, acabei me dando conta de que eu nunca contei 100% da
minha história aqui no podcast. Que começa com muito privilégio

(46:33):
e, entre aspas, acaba com sorte.Porque eu vim de uma família de
classe média, que tenho uma irmãmais velha que aos 18 anos
ganhou um carro naquela época que era 2002, que eu acho que
isso aconteceu Pra Ela, 2002, 2003, algo do gênero.
Ela ganhou um carro e nessa época, um carro ali 90, e alguma

(46:58):
coisa custava 10011, 1000 BRL. Então já era mais ou menos certo
de que esse seria o meu destino também.
Só que eu não queria isso para mim, sabe?
Eu não queria. Eu já comecei o colegial que eu
tinha a opção de fazer um colegial junto com o ensino
técnico, e eu já escolhi fazer um curso de turismo pensando de.

(47:23):
Que era isso que eu queria fazernuma faculdade?
Talvez? Possivelmente, mas enfim,
gostava da área. E já no terceiro colegial eu
comecei e foi um ano inteiro de planejamento de que eu iria
fazer o intercâmbio após terminar o terceiro colegial,
porque eu não queria o tal carro.
O mesmo valor do carro era mais ou menos o mesmo valor para ali,

(47:46):
tipo um ano de intercâmbio e um ano sendo.
Passagens é acomodação em casa de família por 1 mês?
O visto e acho que talvez não. Não dava nem um ano do curso.
Era tipo, sei lá, uns 3 meses decurso, 6 no máximo assim.

(48:07):
EE aí então tá, vai ser isso, beleza?
Aí vem os privilégios. Eu fazia inglês desde a sétima
série. Eu fiz 5 anos de inglês antes de
ir para Austrália, então a maioria das pessoas vem aqui
para Austrália, ou no seu caso, na Índia, também indo para para
Irlanda. Vai para aprender inglês.

(48:29):
Foi meu caso porque eu já vim falando inglês, falava inglês
aqui, da roça, não. Falava inglês da roça.
Foi bem eles. É.
Nossa, Sério, foi só 11 parênteses aqui na história.
Meu vô fez escala na Nova Zelândia.
E aí quando você desce do avião fazer escala, você tem que tirar

(48:50):
a as coisas da mochila, passar no raio x.
Quando o cara olhou para minha cara e pediu para eu tirar minha
garrafa d'água, eu fiquei olhando para a cara dele.
Falei, giz, 5 anos de inglês jogado no lixo, que eu não
entendi nada. Mas aqui é um país de muitos
imigrantes, então nesse quesito ficou mais fácil, né?

(49:12):
Mas então tá. Então IA ser para fazer
intercâmbio aqui e o meu visto era de 1 ano, quase um ano e
meio. Eu vim falando que eu ficava só
6 meses. Por que que eu resolvi fazer
intercâmbio? Porque eu não sabia o que cursar
na faculdade e daquela época, né?
Então, meados dos anos 2000, tendo currículo, morei fora,

(49:35):
seria um adicional para tipo, Ah, consegui arranjar algum
emprego, OK, para eu ter o dinheiro para pagar minha
faculdade, porque minha mãe já pagava a faculdade da minha irmã
mais velha e não IA conseguir pagar os 2.
Então eu falei, beleza, eu vou, fico 6 meses, uma semana aqui,
eu já falei eu vou. Fica duração do meu visto com 1

(49:55):
mês. Eu já falei, eu vou renovar para
o visto. Então, se eu vim para cá para
estudar, mas não vim estudar inglês, que que eu vim fazer
aqui, né? Vim fazer também um curso
profissionalizante de turismo, que eu falei, bom, já fazia
turismo no Brasil. Entre aspas, essa é a minha
área, vou continuar isso daí. Então eu vim.
Fiz primeiro um certificado 4, que seria tipo isso, né, um

(50:18):
curso profissionalizante. E aí depois fiz um avanço
diploma que seria um Mini tecnólogo, né?
É um talvez aí, comparando com olance do Brasil.
Só que eu vim com 18 anos, né? Eu tive que esperar fazer 18
anos para poder vir para cá, porque senão eu IA ainda ter que
pagar alguém para ser mesmo responsável legal.

(50:39):
Então tá, esperei, tive que é adiar por alguns meses a minha
vinda para cá por conta de o visto não foi aprovado até a
data da viagem e aí fui morar nacasa de família.
Primeiro momento fiquei puta porque era uma brasileira.
Eu falei, eu não acredito que euestou indo para o outro lado do
mundo para ir morar na casa de uma brasileira.

(51:00):
Brasileira não poderia ter sido uma melhor escolha.
Ela era uma mãe solo de na época, a Maíra tinha 21 anos.
Ela já tava aqui há 25 anos e ela me adotou ali.
Eu tinha só um mês de acomodação, mas ela muito
sabendo como eram as coisas e meadotou muito e deixou eu ficar

(51:27):
mais 1 mês na casa pagando por fora.
Da agência estão pagando mais barato, mas ainda com os mesmos
benefícios. E aí eu saí de lá e fui pra tal
famosa sharehouse, né? Então fui para as redes públicas
e eu morei numa casa com 14 pessoas.
Nossa, a gente era em 1410, ou 10 ou menos, e 4 mulheres, que

(51:50):
desespero. Eu morava, eu morava no maior
quarto, nós éramos em 5 pessoas no quarto, mas.
Foi neste quarto que eu já tinhatentado em outras casas.
Enfim, também cancelei. Era para eu estar ali.
Foi nessa casa que eu conheci o parceiro que foi a minha minha

(52:14):
porta de entrada. Enfim, foi OA minha maneira para
conseguir ficar na Austrália. Ele também era Imigrante
irlandês. Olha só a volta que a gata deu.
Uhum, ele era engenheiro mecânico recém graduado, que foi
fazer o. O tal do working Holiday Visa
aqui na Austrália e conseguiu ser expensurado por minha

(52:36):
empresa. E ficou.
Eu continuei no meu visto de estudante e aí a gente ficou,
né? E aí Ah, vou entrar como
parceira dele nesse visto de sponsor.
Mas terminei meu curso e muita gente falava tipo, por que que
você vai continuar estudando se você não precisa mais?
E aí que vem o lance. Né, dessa nossa conversa que AA

(52:59):
Indiara perguntou antes da gentecomeçar a gravar aqui, né?
Tipo, Ah, mas esse sorte e privilégio é real ou é
sarcástico? É um pouco dos 2, né?
Porque sim, eu tive a sorte e o privilégio, mas o que que eu fiz
com essa sorte, esse privilégio?Eu fui, que terminei o meu curso
aqui. Ah, é um curso numa escola meio

(53:20):
bosta, só pra Imigrante, sim, mas eu terminei esse curso, eu
trabalhei por vários anos. E é um conhecimento que é seu,
né? Ninguém te tira conhecimento.
E isso foi também estratégia, porque aí eu terminei, eu
arranjei um trabalho. Eu fiquei por anos na área de
turismo, dentro de uma empresa que eu entrei de turismo.

(53:41):
É. E aí nesse meio tempo, né?
A gente é, foi e aplicou pra provisto de de residência
permanente. E tivemos o visto, né?
Então foi aí uma grande sorte, oprivilégio que eu consegui a
minha permanência, que através de outra pessoa eu não tinha as
habilidades necessárias pra ser uma Imigrante.

(54:04):
Eu fui acompanhante, né? Tipo, chamou a pessoa principal
pra festa, tipo assim, eu era o mais um do convite, mas o que
que eu fiz, né? Depois que eu entrei nessa
festa, eu entrei numa empresa que aí eu acabei me separando
dele, enfim. E gente, só para deixar aqui
muito bem explicado, tá? Eu não estava com ele para
visto. Aconteceu, eu separei um tempo

(54:26):
depois. Mas vai para, para a história,
não fica. Nem pra, pra pra gente.
Nem parece explicar, né? Os ouvintes, os ouvintes.
Pela morra de Deus. E aí entrei nessa empresa de
turismo e eu fiquei 8 anos e meio, mas eu fiquei só 2 anos na
área de turismo da empresa, porque aí foi pelas minhas
próprias habilidades que eu fui ingressando na área de de ti,

(54:49):
que foi ali que mais privilégiose sortes foram acontecendo
dentro da empresa. Que eles gostavam muito de mim.
Surgiu uma área nova. Ah, a gente acha que você teria
capacidade de fazer isso? Eu fui e fiz.
Agora a gente acha que você precisa ter formação, é teórica.
Me pagaram um curso de 1 ano de um avanço diploma na área, me

(55:13):
pagaram uma certificação da metodologia que eu trabalho com
isso até hoje. Esse curso foi em 2015, então 10
anos depois, eu estou tipo, sabe, com uma puta carreira
consolidada. Estou desempregada no momento,
estou desempregada no momento, mas isso sabe, é outra coisa.
Mas foi tudo isso que eu consegui através desse

(55:33):
relacionamento, ficar na Austrália, mas tudo que eu
conquistei. Sei na Austrália desde então,
pra daqui 6 semanas eu eu completar 19 anos de Austrália.
A minha vida adulta inteira nesse país e mais da metade da
minha vida fora do Brasil, foi tudo por mim.
Foi. Então, tá, se eu tive sorte e

(55:54):
privilégio de estar nesse lugar,de ter esse relacionamento, de
ter isso que me proporcionou, beleza, mas eu vou que sentar
aqui e fazer o quê? Porque eu também preciso
trabalhar, eu preciso pagar, conta.
Você teve oportunidade e soube usar ela, né?
Né? Que tem gente que tem
oportunidade e não não sabe usardaquilo.
E você soube usar e tirar bom proveito disso é totalmente
diferente. Né?

(56:14):
Isso é uma das coisas que acabamacontecendo com muitas mulheres
que ingressam num num país através de um visto de
relacionamento, seja no. No caso de ambos, vão imigrar
por conta de uma pessoa e grandemaioria das vezes é por conta do
homem que foi transferido, né? E a mulher vai atira colo.

(56:36):
Ou, no caso de você, é entrar num relacionamento com uma
pessoa local. É tipo, Ah, isso daí.
Ah, foi fácil, gente, mas. Tirando essa entre grandes
aspas, né? Essa parte fácil do visto, a
gente tem todos os os mesmos desafios em ser Imigrante.

(56:57):
Sim, talvez até mais, né? Porque aí vai ter aquela coisa e
interesseira, essa daí, aí você vai ter que ficar se provando.
Então fala, é engraçado isso do interesseira.
É porque agora, tipo, eu vou casar ano que vem, mas ano que
vem eu tô bem, completo 5 anos de vista.
Então assim, casar não vai mudarnada em relação ao meu processo

(57:18):
aqui, nada continua normal, não vou mudar nada.
E aí é, é um relacionamento que a gente vai fazer 2 anos.
E é muito engraçado que as pessoas acham tipo assim, Ah, tá
casando com português por causa de visto.
Hoje em dia? Exatamente.
Eu tava aqui antes. EE mesmo se fosse só por causa
de visto. Gente, pelo amor de Deus, nunca.
Só por causa do visto. Essa história me lembrou uma
amiga que eu tinha na faculdade,que o marido dela é.

(57:41):
Eu estava em melba na época. Não lembro há quanto tempo eu
estava. E aí ele conseguiu o visto de
residência já. Estando no Brasil e IA mudar pra
pra Sydney. E ele veio, passou.
Acho que 3 ou 4 meses eles com certeza já deviam estar com um
problema no relacionamento, mas assim ela, com um visto de
residência, pediu o divórcio e disse que não IA sair pro
Brasil, né? Então assim, eu lembro na época

(58:05):
que eu fiquei chocada. Eu falei, como é que você vai
fazer um negócio desse, que não sei o que, e tal?
Todo mundo, o que é isso? Todo mundo quer isso e tal e
tudo mais. O cara vem, né?
Você vai estar morando aqui perto de mim e tal.
Mas e ela, cara? E hoje em dia eu vejo assim.
E realmente foi a melhor coisa para ela, porque ela é uma
pessoa que ela tem as tem que acabou de fazer 40 anos e as

(58:25):
melhores amigas delas são ainda amigas do Jardim de infância.
Ela estudou a vida inteira com as mesmas amigas.
Elas têm uma rede de apoio e umada amiga, uma das amigas dela de
Jardim de infância, fez faculdade com a gente também.
Então assim elas entraram na psicologia juntas e fizeram um
processo da faculdade toda juntas.
A gente tinha muita inveja da amizade delas assim, era um

(58:45):
negócio muito forte e ela falava.
Então, para que que eu vou sair daqui?
É o processo dele. Eu não vou sair da minha rede de
apoio para ir para o outro lado do mundo, porque ele não sou eu,
né? EEE.
Muitas vezes, na verdade, a gente vem porque AA é, vou morar
fora do país. É uma oportunidade.
É igual o preço que a gente tá pagando para isso também, né?

(59:07):
Não é barato. Não é barato, não é uma coisa
barata. EE você sustentar um divórcio?
Eu tenho. Eu tenho amigas aqui que se
divorciaram com com os outros, dos companheiros que as coisas.
Elas vieram, né? Com os quais elas vieram, que
assim, não é um processo fácil. Assim, você realmente acaba
sozinha, principalmente se se você se não era o teu plano, né?

(59:28):
Não era o teu desejo de vir paracá, né?
É uma coisa realmente. Bem, é isso.
E é bem complicado porque ao mesmo tempo que tem pessoas que
tem a coragem de falar não, eu não, isso aqui não é mais pra
mim. Eu vou sair dessa relação.
Eu também vejo casais que eu vejo que é nítido que tá só pelo
comodismo do tipai. Estou na casa aqui, não vou
dividir casa com 14 pessoas, né?Valor, não vou, não vou ter que

(59:51):
procurar. Quarta é isso, e eu lembro que é
é quando você decide, eu vou terminar o relacionamento, você
pensa nisso, fala, pô, eu estou aqui na casa, dinâmica, adorou,
mas aí quando você sabe quem você é, você fala assim, aí,
gente, burocracia é uma burocracia, é muito chata, e aí
eu falei, tá, mas e eu não, não vou ficar com ninguém por
comodismo, sabe? Você olha, a longo prazo, não

(01:00:13):
está vendo mais futuro, só que eu conheço.
Essa é os 2 pesos, 2 medidas. Eu conheço.
Eu tenho pessoas até próximas que estão por AI.
Eu não quero pensar na logísticade ter que terminar agora aqui
em outro país, porque, por exemplo, eu lembro que quando eu
terminei, não é aquela coisa quevocê tem a casa do pai ou da mãe
ou de alguém muito próximo para ir.
Né? Então tipo assim, AI uma semana

(01:00:34):
morando junto até ele saiu da casa, eu fiquei e uma semana
terminou, mas tá ali porque não tinha como botar na rua também.
Então tipo essa dinâmicazinha domorar fora que só a gente sabe,
né, do tipo até a gente criar a nossa rede de apoio.
A gente tava novo aqui em Portugal, então assim foi uó
demanda muita força e muita coragem mesmo.

(01:00:55):
Eu falo isso, falo gente, eu seique não é fácil, mas é isso, ou
ficar num relacionamento do meiaboca.
Então, essas coisinhas demanda realmente ali, né?
Essa coragem, essa determinação que é no final.
Se a gente não faz por nós mesmos, não vai, né?
Então tem que tem que meter as caras.
Separei AI, by the way, Gaby fez, eu fiz aniversário de 4

(01:01:18):
anos dia 11 de setembro, né? Nunca esqueço a data.
Um dia eu fiquei. De icônico em 11 de setembro
agora você fez 4? Anos fiz bem nesse 11 de
setembro dupla. Comemoração dupla?
Comemoração ô coisa boa acordar aquele 11 de setembro que.
Delícia a gente acordou. Dia 12, né?
Mas enfim, é. Tudo dia 12, é?

(01:01:39):
Entendi. Eu fiquei quase 3 meses.
Eu fiquei 11 semanas morando junto com meu ex, porque ele não
saía também, não esse do o irlandês.
Eu fiquei casada. Depois de 11 anos, é?
Fiquei quase 3 meses andando junto, porque também não tinha
ele não tinha pra. Eu também IA ficar na casa, ele

(01:02:01):
não tinha pra onde ir. Também não estava se esforçando
muito para ir, não queria. E eu eu vou ajudando a procurar
a casa para ele, mas não porque eu estava sendo legal, porque eu
queria ir fora da minha casa. Sim, porque eu queria aham,
porque é 11. Convivência horrível, né?
Nesse período, uma semana para mim já foi péssima.
Imagine para não ser com 3 meses?
3 meses e aí mudando de assunto,mas continuando falando as

(01:02:21):
coisas péssimas, é? É, muita gente tem essa perceção
errônea de que viver fora é Paraíso.
O que que as pessoas não enxergam da vida de Imigrante no
dia a dia? Eu acho que viver com a saudade
constante, eu acho que vai ter sempre uma falta de algo, morar

(01:02:42):
fora sempre tem uma falta. É difícil.
Eu, eu, eu. Hoje eu entendi, tá?
Eu sou o meu próprio lar, que é quando a gente começa a mudar,
vai para um lugar e a gente sabe, tá?
Eu amo a Bahia, eu sou muito baiana, gente.
Aí eu sinto muita falta da Bahia, eu sinto muita falta.
Por exemplo, eu. Eu fui nascida e criada no
candomblé e eu não confio em outro terreiro sem ser o que eu

(01:03:03):
IA na casa da minha avó. Então, tipo, eu sinto a falta da
minha conexão ali com a minha espiritualidade e tal.
Então tem sempre a falta de algo.
E é, eu também entendi que sentimentos coexistem.
Às vezes você tá num momento muito incrível.
Você fala, poxa, mas eu queria, queria que mainha visse isso
aqui, queria que dinda visse isso aqui.
Então é o enfim, fora todos os perrengues que podem aparecer na

(01:03:24):
vida profissional, na vida amorosa e tal, pessoalmente
falando, acho que bem, no seu íntimo, sempre tem uma coisinha
faltando e isso é, é, é. Tem que ter muita maturidade
emocional para poder lidar, né? E pelo menos eu me sinto muito
assim. Eu é.
É difícil eu não sentir falta dealgo em mesmo em momentos que eu
até me sinto completa. E aí eu estou puxa, mas AI que
saudade de mainha. Então é, é, é bem, bem

(01:03:46):
complicada. Tipo, eu faço aniversário, dia
de São João na Bahia, no nordeste em si, é muita festa, é
tipo, gente, eram 5 dias de forró, eu estava 5 dias no
forró. Aniversário do meu pai.
Também. E aí?
AI, pois é, é você. Você tem raiz em Fortaleza.
Você é de Fortaleza mesmo? Sou de são forte, pois você você
tem uma ideia do de como é ali no nordeste.
Festa, aquela comida e tal. E aqui no Porto é incrível

(01:04:08):
porque o padroeiro da cidade é São João.
Então tem uma festa na virada dodia 23 para o dia 24.
E hoje eu já tenho as pessoas que eu considero como família.
Aqui é incrível também. Então hoje eu tô na Irlanda, era
bem Fu Benga, mas aqui em Portugal eu amo.
Só que ainda assim, tipo nossa, aí vinha a memória, sabe?
De 5 dias de festa, do do milho assado na fogueira.

(01:04:31):
Então eu estou muito feliz aqui.Não me vejo voltando a morar no
Brasil. Mas e também quando eu estou no
Brasil, a última vez que eu fiquei, eu fiquei 2 meses e
meio. Falei, gente, não pelo amor.
De Deus 2. Meses isso foi.
Pelo amor de Deus, volta para casa, Indiana.
E aí essa sensação de você também não pertencer a lugar
nenhum, +100%, né? É verdade, porque no você fica

(01:04:52):
nesse, você tá no Brasil, você tá morrendo de saudade, aí você
vai, você fala, nossa, tá bom, tá na hora de voltar, é, é, é, é
bem confuso. Eu tenho.
Eu tenho algumas respostas para isso.
Assim, essa questão você tá falando de você não perceber
não, não se pertencer em lugar nenhum.
Mas passei até pelo Brasil, porque eu já morei, né?
Em São Paulo, Fortaleza e Floripa.
Então assim chega um ponto, vocênão sabe mais.

(01:05:14):
Exatamente onde é que caso isso aqui, que é você.
Mas uma coisa que eu acho que que é é principalmente a gente
que é tão longe, né, Bárbara? É o fato de que por ser tão
longe, você toda vez que vê vocêjá se despede, né?
Você se despede. E assim, eu acho que isso foi
uma coisa que a minha irmã comentou recentemente, que a

(01:05:34):
minha mãe tá muito doente, faz 2anos que a minha mãe tá é no,
no, é no processo, numa doença irreversível.
E quando eu eu visitei. O Brasil, a última vez foi
assim, foi fazer 2 anos agora emoutubro, né?
É semana que vem, faz 2 anos queeu fui pra e aí eu lembro uma
vez das da recentemente, as cuidadoras dela fizeram um

(01:05:56):
comentário, porque que eu não não IA, né?
Como é que eu lidava com isso? Porque que eu não tava indo?
E aí a minha irmã, que é quem tácuidando dela, falou assim, olha
porque assim, primeiro que quando você mora tão longe,
você, você toda vez que vê você já se despede porque não dá
tempo de. Voltar se acontecer um acidente,

(01:06:17):
não tem como eu chegar no Brasilcom pelo menos 3 dias, né?
Então, assim, só de viagem, são 40 horas daqui para Fortaleza e
assim até conseguir. Se eu conseguir o voo no mesmo
dia e tal e tudo mais, então é asensação de que assim, toda vez
que você ver ao vivo, você se despedia.

(01:06:37):
Você realmente está tranquilo deestar se despedindo daquela
pessoa que você não sabe se vocêvai ver de novo, né?
E. EE é isso é muito real, muito
palpável mesmo. É o outro ponto que eu vejo
assim, que a gente não, não tá, não leva tanto em consideração.
É que eu acho que, na verdade, agente tem até falado muito sobre

(01:06:58):
isso assim. É muito difícil fazer amigo na
Austrália, pelo amor de Deus, umpouco complicado de você fazer
amizade. É muito difícil você se sentir a
gente enquanto brasileiro, que agente se é muito caloroso e tal
assim. É muito difícil.
É muito solitário nesse aspecto,mas é cara, eu sinto o falta de

(01:07:19):
ser mais inteligente. EE sabe assim.
Aquelas coisas meio meio é OOOO,qual é o nome daquela daquela
atriz, do, do, do? Maravilhosa, é?
A bergara, né? Só ter bergara.
Você não sabe? O quão inteligente que eu sou na

(01:07:40):
minha língua, né? Eu tenho falta disso assim, tem
horas que já virou, já virou meio que o meu, o meu jargão no
Jiu Jitsu. Agora eu olhar e falar assim,
você sabe que eu falo 2 línguas,né?
Então assim, quando eu fico na é, é, é.
Vem tirar sarro da minha cara, não que você só fala homem, né?
Mas às vezes eu tenho falta disso assim da da, da da
capacidade de ser mais rápida, de me expressar muito melhor em

(01:08:04):
em em português assim. Mas se bem que ultimamente até
português também é difícil, mas né?
Mas assim da da. Isso é uma coisa que eu lembro
que eu tirava muito sarro da Luciana Gimenez.
Gente, agora eu estou igualzinhaa ela.
Isso que você falou do do dar tempo.
Gabi, o meu maior medo morando fora, como eu sempre fui muito

(01:08:26):
apegada a minha família. Eu sou canceriana a gente estou
assim, minha alma do mundo, porque eu tenho alguns lugares.
Ah, isso é canceriano. Você sofre, né, amiga?
Eu sei, aí eu sofro um pouco. 20anos já.
É 20 anos, eu tenho 6, né? Eu vou fazer 7 anos ano que vem.
E o meu maior medo era perder umente querido.
Era o meu maior medo. E aconteceu ano passado e não
deu tempo, porque se eu tivesse Lisboa, daria.

(01:08:48):
Mas aqui no Porto não daria porque eu tenho que ir, teria
que ir para Lisboa e tal. E para mim pesou muito.
Era uma coisa que é muito doido isso do de você não sabe quando
é que vai ver de novo. E como eu tinha uma conexão
muito forte com a minha avó quando eu fui lá, ano passado,
eu quando eu voltei para casa eufalei, mainha, eu sinto que é a
última vez que eu vou ver a Vovóviva.
E assim, minha avó estava relativamente bem, ela estava já

(01:09:09):
doente e tal, mas. Parecia que eu sabia e até minha
avó parecia que ela sabia também, porque ela deixou uma
toalha com o nome dela abordado para todos os filhos e netos.
E eu fui a única que recebi quando vim para cá.
E é, é é tipo só essas coisinhasassim que você fala, nossa,
velho era. E aí eu agradeci muito, porque
eu quase não IA no passado e eu fui, e aí?

(01:09:30):
Você agradece, tipo, ainda bem que eu fui.
Eu tive aquele tempo de qualidade com Vovó naquele
período. Mas AI é, é um, é um.
É um mics de emoções, né? Ser Imigrante, meu Deus, é, é
uma montanha-russa de emoções demais?
É. Difícil demais?
Demais é muito contrário o. Que muitas pessoas falam, Ah,
tá, mas porque tão longe que nãosei o que em que o Brasil é

(01:09:50):
gigante o. Meu.
Ex tem um amigo é no ex do interior de São Paulo.
E ele tem um amigo que mora no extremo, eu não sei que parte do
Tocantins para ele sair dessa cidade do Tocantins.
Para ir para o interior de São Paulo é mais ou menos Gabi, o

(01:10:10):
que a gente leva daqui da Austrália para chegar no Brasil?
Então é muito relativo que as pessoas falam tipo, Ah, por que
que você escolheu morar tão longe?
Porque sim, ué, é. A Austrália me escolheu, na
verdade, né? Do jeito que eu olho às vezes,
assim que a Austrália realmente me escolheu porque você falou se
eu fosse ser extremamente honesta, foi, foi muito.

(01:10:32):
É, é é síndrome do underdog mesmo, porque quando eu estava
procurando, qual era o país? Antes que eu queria migrar é
basicamente eu fui olhar onde é que eu consigo me registrar como
psicóloga sem ter que fazer uma prova em inglês?
Na prova de psicologia em inglês, eu só quero fazer a
prova de inglês, mas fazer a prova de psicologia em inglês.

(01:10:54):
O Canadá estava fora, os EstadosUnidos eu precisava de de ter um
PhD, acho que na Inglaterra também precisava fazer prova EAA
Nova Zelândia na Austrália tem prova, mas a Nova Zelândia era
só documental, EOOOO meu marido,ele é biólogo, vamos, Nova
Zelândia é biólogo, né? E pronto, maravilha, vamos para
lá, né? E eu não precisava fazer a
prova, então assim é, foi teve muito um aspeto desse assim de

(01:11:19):
de eu não escolhi estar do outrolado do mundo, foi realmente um
lugar assim, onde é que eu acho que vai ser mais?
Espaço para conseguir o que eu quero, sabe?
EEE às vezes acontece isso mesmoassim, né?
Não é e não é fácil, até porque quando você fala, por exemplo,
Ah, o Tocantins para São Paulo, mas às vezes você não tem
dinheiro para poder fazer essa viagem, então, mas você não vai
se despedir da pessoa, você não tem como.

(01:11:42):
Agora, eu acho que muda muito o fato de que a gente tá num outro
fuso horário, e é um fuso horário muito escroto, né?
Então aí aí realmente é bem difícil.
Mais complicado? Né?
Porque eu lembro, por exemplo, na época do COVID, que eu
acordava todo dia assim, quem e qual é a notícia que eu vou
receber de manhã? Então assim eu acordava muito de

(01:12:05):
madrugada, né? Eu eu tive 111 uns processos
assim de de de acordar muito de madrugada durante a COVID,
porque eu não sabia o que é que eu IA receber quando eu
acordasse de manhã, né? EE, isso é uma coisa que demorou
muito tempo assim pra eu pra eu me adaptar.
Quando eu cheguei aqui também euacordava muito de madrugada
porque assim. A sensação de que a vida está

(01:12:25):
acontecendo enquanto você está dormindo, né?
EEE foi foi uma coisa mais ou menos difícil, mas hoje em dia
eu já tenho eu não tenho o que eu não tenho o que eu fazer, né?
Mesmo estando necessariamente, se eu tivesse mais perto, anão
ser que eu tivesse morando na mesma cidade.
Tem muita coisa que assim você não tem o que fazer estando
dentro do país ou fora do país, são coisas urgentes, não dá para

(01:12:48):
fazer, né? Você acaba só aceitando o fato
de que realmente não dá, não dá e não dá.
Né? E aí muda um pouco o processo.
E quais aprendizados vocês já tiraram da jornada de imigração
que talvez vocês não tivessem? É vivido esse aprendizado se
vocês tivessem permanecido no Brasil?

(01:13:10):
Eu acho que para mim, quando eu estava na Bahia, eu era muito
dentro da minha bolha. Eu não saí da Bahia
praticamente. Então eu me achava muito mente
aberta na Bahia. E aí eu fui morar fora e, gente,
quando você conhece cultura de outro país e tipo, eu trabalhei
com Indiana no Starbucks e a gente sentava para conversar,

(01:13:30):
ficava gente, tipo assim, entendendo o rolê de castas e
que vai arranjar o marido para ela e tudo mais.
Eu ficava assim, e aí você fala,tá, o mundo é muito mais do que
eu achava, sabe quando a gente realmente, porque uma coisa é
você ler, outra coisa é você assistir, outra é você conhecer
pessoas realmente de outras nacionalidades.
Então eu acho que. Realmente abrir mais a minha

(01:13:53):
visão de mundo, ampliar essa visão de mundo.
Está mais aberta para mudanças. Eu tinha também.
Era mais nova, né? Eu mudei com 22, então era muito
assim. AI.
Não mudo de ideia, eu sou assim,não mudo.
Eu era muito, sabe? E eu já tô assim, AI, gente, é
para mudar, é para eu tô mudando.
Hoje eu não tenho problema em entrar em uma contradição, sabe?

(01:14:15):
Eu acho que isso também é muito do de quando você mora fora, que
a gente tem que se adaptar tantoe tem que ser tão flexível em
tanta coisa. Que, por exemplo, eu vejo minhas
amigas do Brasil, tem a mesma idade, mas quando a gente
conversa, eu ainda percebo que parece que as as meninas estão
ainda tipo com aquela coisa que eu tinha no Brasil, sabe?
De não sou assim no mudo, esse émeu jeito e tal.
E eu agora tô assim, lógico, acho que os meus, os meus

(01:14:37):
valores estão ali, mas cara, tá bom, é para mudar AI, tá.
E aí eu acho que isso de ser mais flexível e uma coisa que eu
particularmente tenho muito é o medo da escassez.
Eu tenho. Eu tenho muito medo de voltar
para indiar que eu era no Brasilali, enfim, com muita
dificuldade e tal. Eu acho que do último ano para
cá que eu venho trabalhando, masisso na terapia, porque, por

(01:15:00):
exemplo, eu morei numa casa muito pequena.
Até os meus 19 anos eu dormi commainha na mesma cama, então era
era realmente muito difícil a vida ali.
E aí eu melhorei agora. Mas eu tinha um pesadelo
constante de que eu voltava parao Brasil e a casa que eu
construí com minha mãe tinha sido demolida e eu tinha que
voltar a morar no Brasil. Dormindo com mainha, porque eu

(01:15:20):
comecei a construir uma casa commainha quando eu comecei a
trabalhar com 16 anos. Então quando eu saí do Brasil eu
tinha só 3 anos que tinha um quarto só para mim foi dos 19
aos 22 e aí eu tenho esse é um pesadelo constante.
Gabi deve entender melhor sobre isso aí agora, mas é um
pesadelo. Gabi, eu acordo assim,
apavorada, meu Deus, cadê a casaque eu construí para mainha e

(01:15:41):
tal? E aí eu, eu, eu tento muito
colocar na minha cabeça aqui comconhecimento que eu tenho, com a
bagagem que eu tenho, impossível, tipo.
Quem dinheiro pode acabar? Ou eu tenho que me recomeçar
mais uma vez, mas o conhecimentoque eu tenho não tem como eu
voltar para aquela estaca zero de que eu era quando eu tinha 22
anos, quando eu saí do Brasil. Então é uma coisa, e essa última

(01:16:01):
parte eu estou internalizando ainda, mas estou no caminho.
Entro no meu processo de que? Não precisa estar com tanto medo
da escassez. Eu eu acho que para mim foi um
processo. É um processo duplo aí, né,
porque também é recentemente, até você sabe, né, Bárbara
assim, então, desde do do do meudiagnóstico de TDAH, há há há 3
anos, eu signifiquei muito a minha vida, muito, muito, muito

(01:16:25):
a experiência assim, do que foi,do que foi eu ter tido a minha
vida sem saber que que eu eu eu tenho pro DAH, né?
EEE pra mim, 11. Questão assim que foi uma
jornada muito legal, foi assim ofato de realmente ter Oo
conhecimento do conforte eu sou,né?
Assim de de vem com a idade também um pouco, mas assim de de

(01:16:48):
de ter orgulho da da da históriae ter orgulho.
Eu também passei por por por situações assim.
É vim de uma de uma família de baixa renda, é tive momentos em
que morei tecnicamente aqui dentro da Austrália, né, do que
a gente. Considera como uma pessoa é?
É sem teto aqui na Austrália, tecnicamente eu fui uma pessoa

(01:17:11):
sem teto no Brasil, né? Sem morrer de favor, tá?
Durante 6 meses e tudo mais. EE, consegui o que eu consegui
porque eu conheci o meu companheiro muito nova e ele né,
10 anos mais velho do que eu, então todo o suporte financeiro
e tal, tudo mais para poder fazer faculdade.
Tudo isso eu sempre tive. Foi uma questão de muita sorte,
assim que eu estou com ele desdeos 17 anos, então assim, até a

(01:17:35):
percepção do quão forte realmente eu sou.
Mas a outra coisa que tenho tenho sido um processo muito
legal dos últimos 2 anos, eu acho, foi de de.
E passar realmente uma das primeiras vezes na minha vida de
ter um grande orgulho de ser brasileira.
Assim de de, de, de do conhecimento que a gente tem, da

(01:17:57):
educação que a gente tem, dos do, da nossa cultura, sabe, da
da até dos perrengues que a gente tem.
A gente sabe resolver problemas.Gente, a gente é muito bom em
resolver problemas. Isso é não sabe se virar, a
gente não sabe. Se virar demais assim, eu tenho
o maior orgulho disso e eu acho que isso é uma das coisas que
tem. Acontecido muito com com o mais

(01:18:19):
recentemente, assim até mesmo. E quando eu emigrei, eu evitava
muito fazer amigo brasileiro. Eu tive 11 meio que um processo
perversivo assim por um tempo e eu comecei a me abrir mais por
isso. Quando é a gente tem 11 amiga em
comum, né? É agora pra eu e fui inclusive
por causa dela que a gente se conheceu e foi por causa da

(01:18:40):
Júlia que eu conheci todo mundo,né?
AAA Julia hager, que também tem um episódio, né?
No No podcast com ela, que ela começou a criar grupos no
Facebook de de pessoas esquerda no Brasil, da Austrália, então
assim a justiça social na Austrália e a gente começou a
fazer piquenique, se encontrar etal.
Então era uma galera que realmente já se era uma bolinha
da esquerda ali na Austrália. E foi ali que eu comecei AAA me

(01:19:03):
abrir para conhecer mais brasileiros e nos últimos anos
eu tenho ficado muito mais confortável com isso, assim de
me abrir para conhecer mais brasileiros.
E tem sido um processo bem interessante, assim até mesmo de
voltar a ouvir música brasileira.
Passei muito tempo sem ouvir música brasileira.
Eu também, né? Muito tempo sem ouvir música
brasileira e assim agora, 10 anos, 11 anos fora do Brasil,

(01:19:25):
que eu fui colocar a Globosat emcasa assim, né?
Porque eu falei assim, Ah gente,eu estava querendo, eu vou,
quero ver Tatá, entendeu? Só vejo pequenos clipes e tal,
vou pagar para ver. E aí eu comecei a ver
recentemente, então até isso assim de estar voltando, que
meio que que a raiz. De uma forma, com orgulho.
É uma coisa que eu que eu é. Eu gosto desse processo.

(01:19:47):
Tem que ter sido um processo mais recente.
E pra encerrar, como vocês gostariam que fosse contado o
legado da jornada de vocês, que vai muito além do carimbo no
passaporte de eu pertenço a morar nessa bagaça desse país?
Vocês não me tiram daqui. Eu acho que o legado que eu
venho tentando até construir na minha produção de conteúdo, e

(01:20:09):
estou com uma vontade louca de escrever um livro, é de que eu
sou exceção ali de onde eu venho, mas que eu não seja mais
exceção, sabe? Eu quero que seja mais normal
ver pessoas como eu do lado de cá.
É, é. Eu.
É tipo quando eu conto a minha história e, enfim, abro muito
espaço de vulnerabilidade, de contar e tal, não é?

(01:20:30):
AI, tá, eu, eu estou aqui. Mas eu quero que mais pessoas
ocupem esses espaços, sabe? Às vezes é difícil você olhar
para o lado, olhar para o outro e só ter você daquele jeito ali.
Então, tipo, é muito complicado,mas já veio ali movimentando
desde que eu tô na Irlanda e agora acho que mais ativamente
ainda em tá. Eu não quero ver mais pessoas,

(01:20:51):
só pessoas diferentes de mim nosambientes que eu vou, sabe?
Porque junto com a imigração veio a ascensão, então dentro do
Brasil, realmente era uma bolha muito grande e agora eu tô aqui.
Então, enfim, é mudar isso de alguma forma, dentro das
condições que eu tenho também e sempre.
Fazer com que a pessoa lembre daonde ela veio.

(01:21:12):
Acho que às vezes a gente esquece um pouco, sabe?
Eu? Eu trago muito essa
ancestralidade, esse, olha, aprendi com mainha, aprendi com
Vovó e tal, porque muito do que a gente é hoje veio com as
mulheres que estavam ali antes de nós e a gente não lembra, né?
Então, enfim, antes de me inspirar em mulheres incríveis,
Ah, eu leio uma Bell hooks da vida.
Eu já entendia da vida com minhaavó.

(01:21:33):
Então acho que é é desse jeito que eu quero ser lembrada, sabe?
De força que foi essa ação, mas que não vai ser mais.
Então acho que é isso. Muito legal, não tem nem o que
falar depois disso não. Ah, tem sim, mulher.
Eu que tem, eu que tem, cara, eunão sei.
Eu acho que que hoje em dia eu eu vejo assim, o quão, o quão

(01:21:55):
doido eu sou e eu acho isso muito legal, mas você quer me
meto em cada enrascada, cara, que assim eu é uma velha aqui,
outra, né? Bárbara, é, é, tem.
Tem vários episódios, a gente pode esquecer aí para conversar
das, das. As caras que eu me meto, mas eu

(01:22:16):
acho que que apesar de de sim euter muita preocupação, porque
todo mundo tem assim muita preocupação com com o que as
pessoas podem pensar de mim é naminha vivência mesmo, eu não dou
a mínima, entendeu? EE eu acho que isso, de certa
forma, é uma coisa meio legal. Quando eu consigo, quando eu
consigo analisar isso, sabe? É, são são coisas boas que que

(01:22:40):
vem, sabe? EE foi.
Essa essa questão ter ouvido isso da da da Rita, né?
Assim, o seu underdog, a sua maior força.
Pra mim foi muito, foi muito importante que a partir dali,
por exemplo, eu comecei pela primeira vez depois de 10 anos
de Austrália, eu comecei a mandar trabalho para o
Congresso, eu comecei AA me colocar a minha cara para bater

(01:23:04):
mesmo em e mails da psicologia sabe dentro, né?
E comecei AA ser AAA, me expor muito.
Mais EE, eu acho que essa é 11 coisa assim, legal assim, uma
pessoa que que coloca a cara a bater.
EE, eu, eu, eu me seguro muito nos meus valores, assim eu

(01:23:26):
tenho, eu tenho muito orgulho dos valores que eu tenho.
EE, faço tudo a partir deles, assim eu consigo fazer.
Eu acho que eu começo muito consciente nas coisas que eu
faço, sabe? Eu faço tudo com quase tudo com
muita intenção, né? EE, essa é uma questão legal,
assim, infelizmente eu ainda nãoconsegui meu.
Organizar bem mesmo nesses 12 anos de Austrália para para

(01:23:48):
ajudar muitas outras pessoas assim né?
Outras psicólogas também, para fazer e tal.
Assim eu eu realmente tenho me me enfio muito dentro da minha
bolhazinha é por por falta de tempo, por ter 5000 projetos, eu
não consegui dar conta de nenhumdeles.
Eu não queria ter mais por ter uma vida social meio louca, mas

(01:24:09):
é agora, ainda no último ano inventei aí de começar a fazer
Jiu Jitsu. Então assim, já ocupa muito meu
tempo também e tal, mas assim euquero, eu gosto muito disso,
assim de de olhar e o não eu já tenho, eu vou, eu sei quem eu
sou, é quem que você estava falando no início, assim a gente
sabe, se a gente sabe quem a gente é, a gente consegue fazer

(01:24:29):
as coisas. É tendo sorte também que sabendo
que tem muito privilégio, né? Mas é isso, assim é tentar e se
não der, tento de novo e é na vice que deu errado, tento mais
uma vez se e se também não der certo, está tudo bem.
Também não leves aprendizagem para casa, né?
Acho que isso é bem, bem importante.
Assim, às vezes não dá certo, né?

(01:24:50):
E às vezes não dá certo. Vai dar certo.
E olha só que engraçado pra pra pra Indiara poder saber dessa
história AA Gabi tá aí né? Toda a gilgeteira e ela tá aí
auxiliando também nas aulas dos dos pequenos.
Então ela não tá só ali fazendo.Professora, é?

(01:25:13):
E ela está para trocar de faixa.Está ali assim, sabe?
No né? E aí ontem, um dia antes dessa
gravação, ela vai lá e quebra umdos dedinhos do pé.
E aí o abençoado do professor vai lá e fala.
Que bom, porque assim é isso, né?

(01:25:34):
Tipo, é rito de passagem para você trocar de faixa.
Ou seja, nem no Jiu Jitsu a gatapode então se beneficiar dessa
sorte, privilégio que ela teve na vida de Imigrante, de
conseguir as coisas fáceis. EE é um pouco dessa ironia de.
Achar que as coisas muito suadas.

(01:25:55):
E. E não é aquela coisa assim, tem
um gosto ou não é nenhum gosto, porque para quem passou por
aquilo, você. Tem um valor maior.
Isso, mas para o outro tem um valor maior.
Ah. A Gabriela é mais merecedora
dessa faixa nova no Jiu Jitsu, porque ela quebrou um pé.
Quebrou, sabe? Não, tipo querido, eu queria

(01:26:16):
passar é ilesa. Aham ilesa, ninguém passa, você
sabe você. Sabe de no máximo eu quebrei.
Foi, é uma unha, mas sabe. Então é o outro querer colocar
um pouco dessa régua deles e tipo, Ah.
Que vira romatização também, né?Assim do sofrimento, né?
Mas uma coisa engraçada que Oo. Oo professor Jiu Jitsu ele morre

(01:26:39):
de rir. EE, principalmente com com os
pais das das crianças, né? Que ele fala assim é engraçado
demais, porque a piada é brasileira.
Foi aprender Jiu Jitsu e com língua.
Né verdade, né? Aprender Jiu Jitsu com o gringo.
Mas até uma coisa interessante que até volta mesmo 2 da da
questão de voltar para as, para as para as unidades, sabe?

(01:27:03):
É No No Brasil. Eu jamais faria Jiu Jitsu no
Brasil, pelo menos enquanto eu estava lá, porque pra mim era
muito violento e aqui veio como 11 coisa divertidíssima assim eu
adoro, né? Mas no Brasil eu eu acho que eu
não me vejo não, não não conseguiria me ver começando a
fazer Jiu Jitsu lá, pelo menos na época.
Hoje em dia já. Eu consigo, mas aí você retorna
um pouco assim das coisas, das coisas brasileiras.

(01:27:25):
Assim, né? Apesar do professor ser gringo.
Então, antes de terminarmos, vamos para nossa lupa cultural
que aquele momento de indicação de trabalhos feitos ou
protagonizados por mulheres. Olha, eu acho que 11 coisa que
conversa muito, um livro que conversa muito com o tema do

(01:27:46):
episódio é em busca de mim, que é da viola Davis.
Foi um livro que me fez chorar ano passado.
Quando eu li é porque é isso, né?
Às vezes a pessoa tá vendo só o palco do outro, a gente vê a
viola Davis e fala, meu Deus, é uma mulher incrível.
Ela nasceu assim, pronta e brilhando, e me me ajudou a
acalmar um pouco meu processo, porque eu eu tenho muita

(01:28:08):
ansiedade e eu tinha muito na minha cabeça de que.
Não sei se vocês passaram por isso, mas que minha vida teria
que estar toda resolvida até os meus 30 anos.
EAA vaiola ela começou a virar acarreira dela com 42 anos.
Só que isso ela conta no livro. Me deu aquela calma, assim, ok,
a minha vida não precisa, tá resolvido dá tempo, dá tempo

(01:28:29):
mudar de rota e tal. E é isso.
A gente enxerga hoje ela sendo incrível, brilhando, sendo
referência pra muita gente. Mas passou por uma história, uma
história muito complicada, e aí foi a trajetória dela.
Então antes da gente tá só julgando, né?
O outro de AI foi sorte, foi privilégio entender um pouquinho
da história, que foi o que a gente também trouxe aqui, né,

(01:28:49):
na, na jornada, mas acho que é um livro, série, talvez
blackish, que é na Disney+, muito boa, muito boa, muito
engraçada, é o sitcoin e é com pessoas pretas assim, então é
bem, é bem engraçado, tipo, trazassuntos importantes de uma
forma mais leve e cômica, e achoque é.
E Brasil, vocês falaram que estão escutando mais música
brasileira, escutem Raquel reis.Na minha cidade, no Brasil, ela

(01:29:12):
é incrível, muito, muito bom, muito, muito bom o som dela.
E, por favor, o seu podcast. Ah, é o meu podcast?
É, eu aprendi com mainha no Spotify, tem episódio toda
quarta-feira falando o que eu aprendi com mainha, que eu falei
muito aqui, né? De mainha aqui na minha avó.
Mas o que eu quero levar para frente e o que eu não quero
levar? É não só das mulheres que vieram
antes de mim, mas as mulheres que estão ao meu redor também,

(01:29:34):
refletindo sobre a nossa estrutura, sem romantizar a
maternidade também e tal. Então, às vezes eu boto manhã
pra falar alguma coisinha ali ela mando áudio.
E reflito sobre a vida, acho queé um espaço de acolhimento
também. É bem legal.
E toda quarta-feira está lá no Spotify e o se vai embora no
Instagram. E o do Spotify?
Aprendi com mainha. Ah, eu vou vou ser bem curta

(01:29:56):
nessa aí, porque infelizmente a vida não tem me permitido fazer
muitas coisas culturais. Mas é é EE questão de leitura
tem sido muito mais técnica, né,do que do que literatura mesmo,
né? Recentemente, mas uma série que
me pegou agora que eu estou assistindo quase todos os dias

(01:30:17):
um capítulo é o mind perfect strangers, que ele é
protagonizado e produzido pela Nikol Kidman, que está no Prime,
mas está muito bom. Eu também tenho um ranço enorme
dessa mulher, mas é muito. Muito bom, a segunda temporada é
meio estranha, mas a primeira temporada é muito bom, muito
bom. EE, foi, foi, foi gravado perto

(01:30:40):
da gente, gata, então assim vem dizendo, vem dizendo que é na
Califórnia, mas na hora que vocêolha dá 5 minutos pra isso aqui
na Austrália. E aí eu descobri recentemente
que foi em Barão, bem que que que filmaram, mas é é muito
legal, é muito legal. Que que conta a história do
retiro, né? É, não é um retiro espírito.

(01:31:02):
Mas assim, 11 retiro psicológico, terapêutico e que
ela é droga a galera com com comcogumelo para fazer os os
processos terapêuticos e aí mostra todo a questão da da do
processo das das pessoas e contaa história das pessoas e tal
dentro da psicologia tem milhõesde problemas a Sério, mas ela é

(01:31:24):
muito, é muito interessante, é muito legal.
EE música é eu tenho voltado só.Que coisa que eu já ouvia mesmo
no Brasil. EE não, não tenho Descoberto
coisas muito novas, é não, eu não posso colocar contribuir
muito para isso, mas é dá certo,porque realmente eu não eu.

(01:31:44):
Eu não paro, gente, eu eu queriaparar mais, mas eu não consigo e
tenho muito mais estudo técnico do que do que partes mais
culturais mesmo, né? Mas é isso é podcast, eu não
tenho o meu Instagram, é o the cycloud.
Esse é um que eu gostaria muito de conseguir voltar, né?

(01:32:05):
AA, fazer, que é onde eu converso sobre sobre a os
impactos do do aquecimento global na saúde de uma forma um
pouco diferente do que as pessoas costumam falar, né?
Eu vou mais para parte fisiológica mesmo do que está
acontecendo na fisiologia. É como isso impacta e é isso, eu
acho. OK, Gabi, eu coloquei também

(01:32:27):
aqui na lista o que você comentou durante o episódio,
então que é o perfil da. Adriana Ventura de Souza
aventura que é a escritora do livro relações monogâmicas só
existem na cabeça da mulher apaixonada.
Vou deixar o link do da Amazon pra quem quiser comprar o livro
também. É muito bom trabalhar.

(01:32:48):
Eu tenho pouca coisa também. Eu só vim, na verdade aqui com
uma indicação, que foi um episódio do podcast que eu
escutei hoje pela primeira vez. Eu escutei logo o último
episódio. Que é o episódio?
Está na hora de devolver o desconforto do gostosas também
choram. Se tem?

(01:33:09):
Coisa que eu tenho dificuldade éde não ser entre grandes aspas.
Agradável é me preocupar com as necessidades do outro acima das
linhas. Então, vixe, isso daí também
dava para expandir muito mais ainda.
Dava para desenrolar para uns 3 mais episódios esse daí, mas.

(01:33:29):
Foi bom. E durante nossa conversa, quando
você falou da querida preciosa, gente, não podemos não indicar o
filme da pranchas. Gente, que filme é lindo se você
não assistiu, quem em português é preciosa mesmo?
Esse filme acho que está na Netflix.
AI, gente, fica a Coisa Mais Linda, a pranchas é um.

(01:33:50):
Vamos assistir esse não quer assistir não?
AI gente, ele é triste. Já, já vou usar.
Não é triste, mas é muito bonito.
Tem umas pitadas de de relevância com o nosso assunto,
de questão de privilégio e oportunidades.
Então é, é, é bem bonito, vale, vale muito a pena de assistir.

(01:34:13):
Bom, vocês já deixaram suas redes sociais, então quem é é
ouvinte nosso aqui. Não conhecia ainda a Gabi e a
indiária. Vamos lá seguir.
Se você chegou aqui pela Gabi e pela indiária, muito obrigada
por estarem. Que comecem a seguir a gente.
Spotify, Instagram, YouTube, o que que você quiser dá 5 Estrela

(01:34:36):
para todo mundo, porque a gente é legal todo mundo.
Merece todo mundo. Merece, porque a gente faz tudo
aqui sozinha. Eu ainda não tenho ninguém
pagando meus boleto além de mim mesma.
Mas falando Sério agora. Diário muito obrigada por
aceitar o convite. Eu sei que a gente começou a

(01:34:56):
falar um tempão atrás, mas que bom.
Eu que agradeço. Aí eu que agradeço pelo convite,
pela oportunidade, pela troca. Foi maravilhoso.
Eu já quero Gabi no meu podcast também.
Ah, não, ótimo a. Gente, trocar ideia.
Já estou assim, eu já quero, já,já vamos fazer 11, bate e volta.
Tá ótimo, acerto. Demais?
É obrigada. Foi muito bom ouvir um pouco da

(01:35:17):
experiência de vocês aí. Eu fico muito honrada pelo
convite, pela oportunidade. Obrigada, muito bom.
Gabi também. Paciência, né?
Que teve de quando a gente falouda primeira, quando a gente não.
Quando você chegou com com essa pauta já no colo, falou, eu
lembro da gente. Naquele você estava jantando,

(01:35:38):
foi junto, topou no café? Foi naquele café, foi no.
Café. Foi no café que já deve estar
para fazer um ano aí também. É por aí desse.
Café, então, muito obrigada pelapaciência em fazer isso daí
acontecer. E eu espero, de verdade, que
mesmo num momento bosta tenha sido.
É uma experiência terapêutica para você se reconhecer como

(01:36:02):
potência. E a gente também se se vê na nas
nossas histórias e nas históriasdas outras pessoas, de que
bendy, underdog é uma coisa muito boa.
Muito boa, se a gente souber. Usar.
Eu amei ouvindo a história de vocês.
Inspiradora. Sua história é inspiradora.
Gabi lembra disso? Obrigada, muito obrigada.

(01:36:24):
Foi um prazerzão, Bárbara. Muito bom gente.
Então muito obrigada pra quem nos escutou até aqui.
Beijo pra mainha também de Indiara que eu já quero saber de
todos os ensinamentos dela também, que eu já amei o nome.
Maravilhoso, mãe, é engraçado demais.
Bom, tá, gente, um beijo e até opróximo episódio.

(01:36:46):
Beijo, valeu, obrigada. Obrigada por nos ouvir e por
caminhar com a gente em mais umahistória de coragem,
reconstrução e pertencimento. Se esse episódio te tocou de
alguma forma, aproveita para seguir o mulheres imigrantes
podcast no Spotify, ativar o sininho e avaliar com 5
estrelas. Isso ajuda a nossa voz a chegar

(01:37:07):
ainda mais longe. E, claro, estamos também nas
redes sociais, arroba? Mulheres imigrantes podem com
muito conteúdo de qualidade paramulheres imigrantes.
Então vai lá. Comenta, compartilha, manda pra
aquela amiga que mora fora, tá? E vale lembrar, somos um projeto
totalmente independente. Se você quiser colaborar com a

(01:37:28):
gente, acesse o link Dubai miakof na descrição do episódio
ou link da bio no nosso Instagram arroba.
Mulheres imigrantes Potter, apresentação por Bárbara dos
Santos, roteiro por Bárbara dos Santos e Fabiana didonato,
produção e redes sociais de Fabiana didonato.
E edição por Felipe bennetti de sol conceitos, quem conta as

(01:37:52):
nossas histórias até o próximo episódio?
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