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May 29, 2025 62 mins
No episódio dessa semana, a escritora Danielle Andrade conversa conosco sobre o processo de criação do livro "Inventário Vermelho", obra que reúne 27 diálogos entre contadoras de histórias e mulheres sobreviventes de violência, reforçando o papel da literatura como uma ferramenta de cura.
Também recebemos as colunas: ✨ Lírica, com Flora Miguel, atravessando a poesia de Anna Vis; 🪶 Rugidos do Norte, com Graziela Brum, que nos provoca com a leitura de Donna Haraway.
📻 Compartilhe a única revista radiofônica das mulheres arteiras e fazedoras do Brasil.🌐 Saiba mais: horadosabbat.com.br📝 Sugira uma pauta: is.gd/sugirapauta📲 Quer entrar na comunidade? Envie uma solicitação: is.gd/FalaBruxedo
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(00:02):
Sinta o chamado. Começa agora a hora do Sabá, uma
ciranda de vozes femininas que reverbera resistência e criação,
espaço de expressão, visibilidade e conexão com
mulheres arteiras e fazedoras, aúnica revista radiofônica
colaborativa feminista do Brasil.

(00:23):
O som é ancestral. O eco é nosso.
Olá, ouvintes da hora do Sabá, eu, Sara mascaré.
Peço licença para entrar na casade vocês, trazendo da idade,
mulheres da música e muita mulheridade e é um prazer estar
aqui toda semana e mais uma vez muito bem acompanhada pela minha
parceira de escuta e de troca, Camila Genaro. bem-vinda.

(00:46):
Oi, Sara, oi ouvintes, que Alegria estar aqui de novo para
mais uma ciranda sonora de saberes, memórias e palavras que
curam. AO programa de hoje ele está
muito especial, tem entrevista, tem coluna, tem música e tem
muita força de mulher. E a gente vai receber então essa
entrevistada, né, Camila? Eu estava ansiosa para conhecê

(01:09):
la. Ainda bem que você trouxe essa
sugestão pra gente. Seja bem-vinda escritora
Danielle Andrade, autora do livro o inventário vermelho,
para falar sobre escrita, memória e ancestralidade, né
Camila? Pois é, e também a gente vai
escutar as colunas lírica da flora Miguel e rugidos do norte

(01:29):
da nossa Amazônia e da graziellaBrum.
E muita música para elevar a essa escuta.
Para ficar com a gente aí. Tô do outro lado também, Hein?
Com a gente. Agora é hora de chamar ela
então, né? Agora acho que é hora de chamar
ela, que foi idealizadora desse projeto lindo, o livro
inventário vermelho. Mas antes a gente deve falar do
livro seja bem-vinda, Danielle Andrade.

(01:51):
Oi, bom dia. Estou muito feliz de estar aqui.
Muito obrigada por esse convite.Obrigada pela oportunidade de
falar desse livro que foi. Tão linda e tão especial para
tantas mulheres. Muito especial mesmo.
Mas eu vou te colocar aqui no lugar que eu coloco todas as
mulheres de que passam pela entrevista da hora do Sabá.
Antes da gente mergulhar mesmo no livro, tem uma pergunta que

(02:13):
eu faço para todo mundo, porque,afinal de contas, se o objetivo
é a gente contar as nossas histórias, a partir de quem a
gente é, da nossa própria voz, agente começa a história do
começo e aí eu pergunto para todo mundo, e aí a menina
Daniele, ela queria ser escritora.
Se imaginava criando uma obra como essa, o que que a menina
Daniele diria se se encontrasse com a mulher Daniele, que eu

(02:36):
estou conhecendo agora? Como que seria essa troca sobre
a caminhada e as conquistas que a Daniele realizou até?
Agora eu acho que é sim, a Daniele menina queria ser
escritora, sim. Mas eu acho que essa minha
história começa até antes, porque quando eu, eu, meu pai,
ele era pequeno, né? Ele era jovem, ele.
Ele tinha uma amizade muito grande com uma tia minha.

(02:57):
A tia dele, né, que era uma tia dele, e eles combinaram que
quando eles tivessem uma filha, eles colocariam o mesmo nome.
Isso eles combinaram lá na infância, na adolescência deles
e bom, depois ele conheceu minhamãe e a minha mãe, quando estava
grávida de mim, queria colocar em mim o nome de uma escritora
que ela gostava. Minha mãe sempre gostou muito de
ler, minha mãe sempre resgatou livros e pegava livros na rua,

(03:21):
trazia para casa. A gente tinha até uma prateleira
em casa que a minha mãe chamava de biblioteca assim, então.
E quando eu, né, estava na barriga da minha mãe, é, ela
imaginava, né? Primeiro, ela imaginava que era
um menino, mas se fosse uma menina, tinha o nome de uma
escritora que ela gostava, que era sonale e uma outra que
chamava Marjorie e que ela queria colocar, só que no quando

(03:43):
naquela época, né? Principalmente quando a gente
nascia, os pais é que iam registrar os filhos, né?
E aí o meu pai cumpriu o acordo de registrar com o nome que ele
tinha Combinado lá com a minha tia.
Que no caso minha prima chamava Daniele, é 1 ano mais velha do
que eu. E aí meu pai me registrou como
Daniele, mas a minha mãe já queria me botar o nome de
escritor. E eu sim, eu, eu tô, tô.

(04:07):
Eu acho que escrever realmente éo meu lugar, contar histórias
também. Mas escrever realmente é o meu
lugar, porque desde pequena o meu refúgio sempre foram os
livros. É, eu lia muito, eu me escondia
para ler. Assim pra me refugiar, né?
Não que eu não pudesse ler na minha casa, muito pelo
contrário, minha mãe incentivavamuito, mas era meu refúgio.

(04:28):
Assim, a leitura e a imaginação,eu eu falo muito assim sobre
essa coisa de uma imaginação radical, sabe?
Então eu estou no lugar certo, com certeza.
É quando eu me vejo escrevendo, criando uma história, é, eu me
sinto, parece que eu estou inteira.
Não é em tudo que a gente se sente inteira, né?

(04:49):
Mas quando eu estou contando histórias pra criança, quando eu
estou cozinhando e quando eu estou escrevendo, eu me sinto
inteira. E quando eu estou cuidando da
minha sobrinha também. Agora vamos.
Vamos partir pro livro. Você sabe que eu sou apaixonada
por esse livro. Eu tenho a honra de fazer parte.
Com um texto desse livro? Então, vamos lá.

(05:10):
O que que te motivou a reunir essas 27 vozes femininas em um
só livro? E como surgiu a ideia de
transformar contos da tradição oral em um instrumento de cura
para as feridas tão profundas? A ideia do inventário vermelho
surgiu durante a pandemia. Ela Foi muito motivada pela
história do Miguel, aquele menino que caiu.

(05:33):
É, né, do décimo quarto andar, eu acho o 15º andar em Recife é
por uma negligência da patroa, da mãe, né, de Mirtes.
E uma das coisas que me inquietava muito assim quando eu
via, né? Tudo é uma tragédia, mas o que
me inquietava mais era que eu sempre via a Mirtes sozinha
dando entrevistas, ou ela sempresó com a mãe.
Então aquela mãe só, né, que tinha um único filho.

(05:55):
E eu ficava pensando, que história?
Será que eu, como contadora de histórias, teria uma história
para contar para essa mulher? Que que que tá vivendo isso pra
uma mulher que tá vivendo uma situação tão dolorosa?
Então esse foi a primeira coisa assim que me fez é que me deu um
estalo de começar a pensar sobreisso, sobre tantas histórias,

(06:16):
né? E o número de de o aumento, né,
da violência contra mulheres e crianças que a gente viu na
pandemia assim de uma forma tão absurda, né?
Então eu ficava pensando, meu Deus, essa criança que tá
passando por isso, essa mãe que tá passando por isso, como é que
a gente faz? E entendendo, né, que as
histórias, elas são para entreter, elas são para brincar,

(06:39):
elas são para para alegrar e elas são também para curar.
Eu comecei a pensar muito nisso,então eu resolvi primeiro.
A minha primeira ideia foi elencar, é várias questões
passadas por mulheres, questões de violência e tal.
Então eu pensei, vou escrever sobre essas histórias ou vou

(06:59):
escrever uma única história. E vou pedir resposta para
contadoras de histórias, pesquisadoras de contos de
tradição oral, mulheres que realmente estão contando
história e pesquisando a tradição oral.
Só que eu pensava, vou escrever cartas.
Bom, aí resolvi. Eu já tinha no início do
projeto. Eu pensei, não, mas eu preciso

(07:20):
me reunir com outras vozes, porque não são só as minhas
histórias que importam, então. Chamei outras mulheres, né?
Aqui de Salvador, chamei a jamira, chamei xane, que é do
Pará, Larissa, Aline, que é de São Paulo.
Chamei a Cecília e falei, bom, vamos é fazer contar essas
histórias. Só que quando a gente começou,
né? Porque é um é um livro de

(07:41):
cartas. Então são histórias reais de
mulheres que sofreram violência,respondidos com contos de
tradição oral. Quando a gente entrou nesse
processo de escrever as cartas. Tudo que a gente é.
Queria falar a gente um pouco que se é não é que a gente se
perdeu. Mas assim a gente viu que o
processo de escrever cartas entrava num processo muito

(08:03):
íntimo. A escrita de cartas.
Ela sugere um processo íntimo. Então nós começamos a escrever
as histórias das nossas conhecidas, das nossas mães, das
nossas avós, das nossas vizinhas, né?
EE então o livro ele é feito? É, ele é pensado, ele foi
pensado de uma forma, mas a medida que ele foi sendo feito,

(08:27):
ele foi mudando um pouquinho o caminho, né?
E a outra coisa que eu acho que é um livro de cura, assim real
mesmo, porque eu sou uma pessoa que tem muita fé nas histórias
da tradição oral. Realmente, Eu Acredito muito que
essas histórias tem coisas que aancestralidade tem muito a nos
ensinar. É que quando eu fiz as cartas.
É quando eu tava lá editando, eupensava assim, eu não vou mandar

(08:50):
essa carta, é, por exemplo, AI aCamila tem uma questão que eu
conheço, né? Por exemplo, eu te conhecia?
Ah, vou pensar numa carta para enviar para Camila, não.
Depois que as cartas estavam todas prontas, eu enviei para as
mulheres que iam responder essascartas para as contadoras de
histórias. Perguntei quais seriam, se elas
teriam algum gatilho, alguma carta que elas não gostariam de
responder, e aí algumas me responderam que sim, outras que

(09:14):
não, enfim. E aí a partir disso eu comecei a
sortear as cartas. E aí a partir desse sorteio, a
gente já começa a ver as curas aparecendo, né?
Por exemplo, uma das contadoras tem uma filha que é adotiva, uma
filha do coração, e ela recebeu justamente uma história sobre
isso. Então é as histórias.

(09:35):
Elas foram se encontrando, né? Por exemplo, você tem muita
experiência com com a escola, com a sala de aula, e a sua
carta é uma resposta para uma professora, então?
É a gente vê como que quem, quanto a história não se
governa, como que as histórias estão aí.
Muitas vezes elas querem ser contadas por aquela boca,
daquele jeito. E então eu acho que é um livro

(09:56):
bem milagroso assim nesse sentido, sabe?
É um livro muito, muito bonito, muito especial e muitas
mulheres. A maioria das mulheres que leram
esse livro, que se comunicaram comigo, tem trazido assim
experiências, relatos lindos. Belíssimos mesmo é, eu vou fazer
só uma parte aqui. É quebrando um protocolo total
do do programa, um roteiro. Mas eu preciso fazer um

(10:18):
comentário, quando Dani me ligou7 horas da manhã lá na pandemia,
ela me ligou e ela disse assim, estou te ligando pra fazer um
convite. Eu digo, se diga.
Ela disse assim, vai chorar comigo?
Eu disse, Bora só se for agora. E esse foi o convite, foi a

(10:39):
forma que ela me convidou para participar do livro, de ser uma
das escritoras, dessas cartas dolivro.
E o que ela disse é real. Assim, a história que eu que eu
conto é respondendo uma professora.
E eu sou professora. Para quem ainda não sabe, eu sou
professora de formação, fiquei 16 anos na sala de aula.

(10:59):
Bora então continuar com nossa AI, meu Deus, eu fico
emocionada. Então a gente segue com mais
dessa conversa potente com a Dani já, já que agora a gente
vai ouvir outra de idade aí outra parceira que está aqui
desde o começo, que é a flora. Miguel, com a coluna lírica,
essa coluna. Ela convida compositoras.

(11:20):
Para falar sobre como que aquelaletra se transformou em música,
na sequência a gente já vai paraum bloco musical, porque já que
a gente falou de letra virando canção, vamos ouvir música.
Começa agora lírica, uma coluna por flora Miguel.
Alves, salve ouvintes da hora doSabá, aqui é a Flávia Miguel, de

(11:43):
volta com a coluna lírica mensalmente, aqui na nossa
revista radiofônica feminista, jogando luz as letras de
compositoras, especificidades criativas, técnicas, causos, ou
seja, abrir os pormenores de cada letra, como a letra fosse.

(12:08):
Poema como a letra fosse literatura e é, e depois vira
canção. Então, sempre na sequência de
ouvir as próprias compositoras, a gente ouve a música em
questão. E hoje conversamos com a
superanavis como artista, que euadmiro muito, cantora,

(12:29):
instrumentista, poeta. Tem esse jogo muito delicado e
bastante refinado. Entre a canção e a poesia.
E ela traz justamente uma das faixas do seu primeiro disco,
chamado como um bicho v, que originalmente é um poema do seu

(12:50):
primeiro livro. Somos inclusive, parceiras de
editora primata. E ela vai nos contar um
pouquinho sobre eleito leitor. Na sequência, a gente ouve a
faixa fiquem por aí. Salve, salve.
Ouvintes da rádio Sabá. Aqui é a Ana vice e eu vou falar
sobre a minha composição, eleitoleitor.

(13:11):
Eu gravei eleito leitor no meu primeiro disco, chamado como um
bicho v, mas eu escrevi esse poema antes de ser composição
pro meu livro máquina orgânica, que eu lancei pela editora
primata. Quando eu escrevi esse poema, eu
tava pensando muito sobre a relação entre o leitor e o
escritor, né? É essa uma pessoa que te lê?

(13:36):
Acho que a leitura, quando em silêncio ela é muito sozinha, é
bem diferente da leitura falada em voz alta, né?
Em que o leitor se tornam váriosouvintes ao mesmo tempo.
Então, pensando nessa relação, um a um que eu pensei no eleito

(13:58):
leitor, né? O leitor que eu elejo na hora
que me lê. E de alguma maneira, esse leitor
pode ser qualquer um. Não é uma eleição tão seletiva,
é. E é essa brincadeira de
intimidade entre mim e o leitor,esse eu que é desaparecido, na

(14:21):
verdade, porque o escritor, a escritora, pra mim é
incapturável, é. Eu não acho.
Eu sou da opinião de que a escritora não tem uma
personalidade fixa ou uma relação direta com o próprio

(14:44):
coração. Não é uma sinceridade ali.
Eu sinto que a gente finge. Mistura EE se mistura, faz de si
mesmo diversas caras, facetas, personagens.
Então. A hora que o leitor te encontra,

(15:05):
se ele quiser, ele pode esperar que você seja.
Esteja sendo sincera, mas ele não tem como controlar isso.
A única coisa que ele pode mexeré com a própria leitura.
E a minha brincadeira era essa, de criar uma espécie de ato
amoroso, ato íntimo entre o leitor e essa escritora desse

(15:29):
poema em específico. Que por mais que seja eu, já não
sou eu, né? Hoje, enfim, nunca mais será a
mesma pessoa que estava na pontada caneta naquele momento.
Eu fiquei pensando, né? No verso tudo que não escolhi

(15:50):
saindo pelo seu corpo é aquilo que você lê, que você ouve
quando você lê em voz alta. É, é muito seu.
A maneira como você pausa, a maneira como você dá ênfase.
Tudo é seu, né? Eu não tenho como escolher a
maneira como você vai ler, como você vai interagir com o poema,

(16:14):
e eu gosto muito disso. E aí tem essa tensão sexual
rolando assim, né? O tempo todo no poema, tudo que
não escolhi saindo pelo seu corpo, lábio, lexo.
Lendo lento na época eu escrevi lábio lexo no poema, mas na hora

(16:36):
de de pôr na composição era muito estranha.
Era uma palavra estranha pra cantar quase ininteligível
assim. Então eu resolvi facilitar e
deixar mais óbvio e mudei pra lábio.
Sexo lendo lento, né? É?

(17:00):
Enfim, é uma música que traz coma composição do Cabral, né?
Porque a letra e o poema são meus, mas a composição harmônica
é toda e melodiosa é toda do Cabral.
E ela tem tensões e momentos bemAgudos, momentos mais graves.

(17:23):
Ela tem improvisos de arco que deixa uma coisa como uma espécie
de gemido ali atrás. Mas a composição em si, a
sensualidade dela, é bem complexa.
Não é uma sensualidade de uma hipersexualização, mas de uma
estranheza, às vezes de uma feiura, né?

(17:45):
Mas tem momentos muito belos, muito delicados.
Assim. Foi uma sacada do do Cabral
fazer dessa maneira e bom. Depois a gente resolveu duplicar
essa parte que eu li pra vocês agora como fosse uma espécie de

(18:05):
refrão, né? O lado b da música.
E aí, por fim, eu falo sobre esse contorno, sobre esse limite
que o corpo tem da morte e como,por mais que eu não possa
escolher muita coisa, ainda assim.

(18:26):
Tem o limite das palavras mortasparadas aqui, que é o que você
tem para trabalhar. Por mais que você escolha dar o
sentido que você quer dar e ler da maneira que você quiser.
São essas palavras e elas são minhas.
Essas escolhas são todas minhas.Por isso que eu digo, lhe amarro

(18:47):
a língua pela lateral da minha. Eu gosto de pensar.
Que a relação com o leitora ela é muito, por mais que falsa,
muito íntima, né? E foi daí que eu tirei desse

(19:07):
poema. Queria agradecer o convite pra
flor, Miguel e pra toda a galeraque produz o programa hora do
Sabá. Boa escuta pra vocês.

(20:41):
Tudo que não escolhe saindo peloseu corpo, tudo que não escolhe.

(22:37):
Hora do Sabá, ano 7, temporada 10, a única revista feminista
colaborativa pelas ondas do rádio.

(23:25):
Só. A cabeça?
Tirou uma? Faca.

(24:26):
Amanhã, como?

(24:47):
Ontem. Nessas matas?

(28:20):
Quem estava me chamou nessas matas?

(30:23):
Minha voz vai te ferir. Meu sorriso vai fazer você
sangrar. Minha vida organizada, fluindo
bem, será ácido por dentro, te roendo, te engasgando e sufo.
A agonizará sozinho minha voz vai te ferir meu sorriso vai

(30:50):
fazer você sangrar minha vida organizada no indo bem será sido
por dentro te roendo, te engasgando e sufocando agonizará
sozinho. Minha mágoa está virando pó,

(31:11):
minha força, espinhos que espetam por ser quem merece
sentir esse ódio é você. A minha violência, arma de

(31:42):
construção em massa, ideias e ações.
Gasto meu tempo e energia. Pensando em soluções pra
crescer. E cheguei.
Minha vingança está sendo beira.É sua deceção e não me atingi.

(32:11):
Estou no controle. Maturidade.
Palavras disparadas vão direto no coração.
Eu não fui nas minhas mãos, eu sei que me contamina, mancha
minha dignidade. Elda Soares, Regina luz, Lívia,

(33:25):
Natália, chimamanda, Nina, Simone, Vitória, Santa Cruz,
Carolina de Jesus, nós. Você escutou abrindo o bloco
Jussara Marçal com o corpo vão? Luiza, Liam e fechamos com

(33:46):
Larissa luz. Achei simbólico esse bloco
musical, porque trouxe aí uma redinha, né?
Camila, né? Ficou uma radinha, né?
E antes de a gente ouvir o blocomusical, mais uma vez a gente aí
é exalta a coluna lírica da flora Miguel, que nos atravessou
com a força da palavra poética. E a gente segue aqui então com a

(34:09):
Daniele Andrade. E mais um orgulho na criação do
inventário vermelho. Bora lá, Dani?
O título inventário vermelho elecarrega uma força tão simbólica,
tão intensa que de que memórias de dores?
E aí eu eu fico pensando, sabe quando você imaginou esse nome?

(34:31):
O que que o vermelho representa dentro dessa obra?
É esse esse nome tem uma coisa. Curiosidade e foi um homem que
assim apareceu para mim. Eu falei, esse livro vai chamar
inventário vermelho, é, eu não sabia não.
Eu, claro, era um inventário de histórias de mulheres, como era
um inventário de histórias de mulheres que sofreram violência.

(34:52):
Então esse vermelho do sangue que são é o sangue da violência,
mas também é o sangue dos partos, mas também é o sangue
das artérias, o sangue do fogo da vida, porque é um livro ao
mesmo tempo que apresenta essas histórias.
É um livro que fala de cura, né?Então o sangue também.
Ele tem a ver com essa questão da cura.
EE é, e depois que eu fiz o livro, né?

(35:17):
Então fiz inventário vermelho para as pessoas entenderem
melhor. Eu coloquei história de
mulheres, contos de tradição moral, então quem tiver alguma
coisa de tradição é uma históriade mulheres, vai mergulhar nesse
livro. Mas depois que eu fiz o livro,
eu não me lembro exatamente quemfoi.
Que me mandou uma mensagem, disse assim, nossa, Dani, que
sacada incrível esse nome, começou a falar do nome de um

(35:39):
jeito assim que eu não conseguiaentender muito bem porque que a
pessoa tava falando daquela pra mim.
Eu falei, mas o que ela disse assim, ué, você não escolheu
esse nome porque é uma coleção de armas brancas, não, eu sabia.
E aí eu acho interessante também, né?
É uma, é uma coleção de armas brancas, mas é.

(36:03):
As histórias, elas acabam servindo como armas de cura, né?
Como gatilhos pra cura, gatilhosde denúncia, né?
Porque também é uma das coisas importantes desse livro que eu
acho muito importante a gente dizer.
As histórias de violência, as histórias pelas quais as
mulheres passam, elas não são histórias individuais, elas são
histórias coletivas. Elas se repetem muitas vezes e

(36:24):
elas não podem ser. É curadas de forma individual.
Uma mulher que passa por violência, ela não pode ser é
achar que ela sozinha ali ela vai se curar.
Não, ela vai precisar de ajuda de muitas pessoas e ela vai
precisar de uma ajuda da sociedade, porque a gente vive
numa sociedade que é muito violenta com as mulheres, né?

(36:45):
Então, também uma das coisas muito importantes desse livro,
relevantes mesmo, é que assim perguntar para uma mulher.
Que história você contaria pra essa mulher que passou por essa
situação de violência? Você teria alguma história pra
contar Pra Ela? É assim, ó, é jogar para as pra
pra sociedade essa resposta, né?É jogar pro coletivo, é jogar

(37:07):
pra tradição oral e dizer assim essa, essa violência.
Ela tem que ter um eco, ela tem que ter uma resposta no passado,
no presente e para as próximas gerações.
Então é essas, essas, essas. Essas histórias não são
resolvidas coletivamente. Elas são resolvidas por todas
nós, em conjunto e com uma cura mesmo, coletiva, claro.

(37:30):
E tem que ter uma força individual, tem que ter.
Mas o coletivo é muito importante, uma vida.
Uma mulher não sofre violência sozinha.
Ela sofre violência porque existe um apoio coletivo para
que isso aconteça. E o livro foi criado durante a
pandemia. Um momento como você bem falou
que a gente teve, viu? Se alastrar os casos de
violência doméstica, principalmente com mulheres e

(37:51):
crianças, né? E curar.
Fazer a curadoria dessas situações também é um processo
muito curioso dentro desse livro, né?
Como é que foi pra você escolher27 cartas, né?
Porque escolher 27 escritoras que trabalham com a oralidade,
com a pesquisa de contos, é ancestrais, contos de cura.
Isso acho que foi a parte mais gostosa, mas a parte mais

(38:14):
delicada foi escolher 27 cartas que relatam violência doméstica.
Como é que foi pra você? Quais são os critérios que você
elencou, como quem eram essas mulheres que queria entender?
Como é que se criou esse laço com essas histórias que são
reais? E que estavam buscando
acolhimento a partir de histórias ancestrais.

(38:35):
Olha, essas mulheres que participaram comigo do livro, já
eram mulheres que eram minhas conhecidas e algumas velhas
companheiras de trabalho, né? Chamar sal já tinha feito,
participado de um projeto comigo, uma mulher trans, uma
grande escritora. Ela é paraense, mas morava aqui
em Salvador. Jamira Muniz é uma mulher assim.
Para mim, ela é o é a base, é o é o Pilar do do do livro é assim

(38:59):
porque ela. Ela, ela, ela é coordenadora de
um de um espaço cultural muito importante aqui de Salvador.
Numa região assim é que tem bastante pessoas em situação de
vulnerabilidade, né, que é o espaço cultural alagados.
E ela faz um projeto lá incrível, incrível.
Ela é uma figura incrível mesmo,né?

(39:21):
Então, já tinha as primeiras pessoas que eu conheci, foi
Chan. É, é jamira.
E depois eu pensei em Larissa também.
Larissa era coordenadora de um projeto.
Ela coordenou um projeto chamadomulheres do Paraguaçu, que era
uma história de um projeto de contação de histórias com
bordado. Então eu já sabia da força
dessas mulheres, né? E aí seríamos nós 4.

(39:43):
E depois, a medida que o que eu fui pensando no livro, eu
resolvi chamar Cecília e uma daspessoas que faria apenas a.
Apenas não ter um trabalho muitogrande, né?
Mas que faria a como é que é, faria a correção do livro?
Aline, Aline, Fátima de São Paulo, que é uma grande

(40:03):
escritora e quando eu vi ela, seela vai fazer AAAA correção do
livro, mas ela é uma grande escritora porque não tem uma
história dela. E aí o que acontece?
Eu fui escrevendo mais as cartascom as histórias reais de
violência e eu não queria que o livro tivesse a minha cara, só a
minha palavra. Sabe, nas cartas de de história,

(40:23):
então eu é, eu queria que essas mulheres estivessem juntas, eu
queria essas vozes, né? Uma mulher trans traz outras
experiências, uma mulher negra que mora na periferia de
Salvador, que tem um projeto, outras vozes, Larissa, uma
mulher jovem que coordena projetos, são todos pensamentos
diferentes, né? Cecília, que trabalha com tantas
coisas relacionadas a mulher, inclusive com parto e tudo.

(40:45):
Então é, eu queria muito trazer todas essas vozes, eu queria que
a gente fizesse essa. Essa sinfonia mesmo, né?
Para o livro. Então, quando a gente é fez
esse, esse, começou a escrever as cartas.
Qual que a minha questão maior foi na edição?
Porque quando a gente fala de violência, às vezes a gente

(41:08):
acaba detalhando algumas coisas,colocando algumas coisas que
podem ser violentas. Por exemplo, para uma pessoa que
a mãe só foi morta por um feminicídio.
Aí ela vai ler alguma coisa ali,naquela carta, que pode causar
uma angústia maior. Então meu pensamento assim, além
das histórias, é da gente trazeressas histórias que tinham que

(41:31):
ser trazidas ali. Tem violência simbólica,
violência física, tem todo tipo de violência, né?
Eu não queria que fosse um livroque sangrasse.
Eu não queria que fosse um livroque quando a gente lê a gente.
Fala assim, meu Deus do céu, olha o que aconteceu com essa
pessoa. É aquela coisa angustiante nesse
sentido, porque é angustiante dequalquer forma.

(41:52):
Então, o meu trabalho maior e foi muito importante também para
mim, isso como escritora, como contadora de histórias.
Eu peguei essas cartas e eu fui lendo cada pedacinho, fui
conversando com as mulheres e nós fomos editando às vezes
coisas que não tirassem. É a força daquela questão, que
não tirassem o peso, o impacto. Daquela violência sofrida por

(42:14):
aquela mulher, mas que de algumaforma é também não causassem um
segundo trauma para as pessoas que viveram aquilo na pele, para
os familiares, né? Que passaram por aquilo na pele,
né? Então teve teve todo esse
processo e ficaram apenas 3 cartas fora.

(42:37):
É das cartas que nós escrevemos,né?
Que nós enviamos. Ficaram 3 cartas porque eu
entrei num processo muito forte de escrita.
Eu comecei a lembrar de muitas histórias, eu ouvia muitas
histórias, eu conhecia muitas histórias.
Então eu comecei AA, eu escrevi mais e depois pra entrar AA
Cecília e a e a Aline. Eu tirei 3 cartas minhas e pedi

(43:01):
que elas colocassem cartas dela,porque senão o livro IA ficar
sempre com aquela coisa que eu escrevi mais, sabe?
O sim, sei, amiga, que a gente tem quase 30 mulheres e a hora
do sabala surge dessa mesma inquietação que você acabou de
relatar. Então é muito bonito também, tá
trazendo você pra entrevista aqui e poder é verificar que

(43:23):
isso que a gente faz aqui, ele tá acontecendo em vários
lugares, em vários âmbitos. Então eu te agradeço muito,
Camila. Continuo.
Que delícia escutar toda essa história por trás da escrita,
né? Porque às vezes, quando a gente
pensa assim num livro. Como esse livro foi criado?
Como essa? Essas pessoas pensam essas
histórias. Mas enfim, vamos de coluna.

(43:44):
Vamos de coluna. Bora lá, Grazi Brum com seus
rugidos do norte. Começa agora rugidos do norte,
uma coluna por graziella Brum. Oi, gente.
Como é que vocês estão? Eu sou graziella Brum e falo com
vocês da minha casa aqui na Vilade alter do chão, Amazônia

(44:07):
brasileira. Bom, nessa coluna eu vou
compartilhar com vocês uma experiência de leitura que eu
achei incrível e que fala sobre o tema dessa coluna também
rugidos do norte. Que é o eco feminismo, né?
As residências artísticas, as o corpo em trânsito, tudo isso que

(44:28):
nos leva a pensar a nossa relação, a relação do nosso
corpo com é o mundo, com o planeta Terra também.
E foi uma leitura que me estimulou demais, porque fala
sobre esse tema que eu venho estudando, que é o ecofeminismo.
Aliás, faz 1 ano que eu entrei nesse projeto de fazer leituras.

(44:49):
De textos escrito por mulheres feministas e bom.
E nessa trajetória eu acabei encontrando vários tipos de
feminismo. Acho interessante começar
dizendo isso, que o feminismo, ele não tem uma única narrativa.
Ele se amplia em várias perspectivas, tem várias Fontes,
várias raízes, o que hoje nos parece bastante óbvio, porque

(45:13):
somos mulheres pluralizadas das diferentes histórias, culturas,
geografias. Nossos corpos são distintos, né?
Então, reduzir nossa experiênciaa uma única forma, algum, único
modelo. É, de certa forma, seria repetir
a violência do colonialismo que tenta apagar, ou tentou, ou

(45:34):
tenta ainda apagar, né? As identidades, as
singularidades. Então, é sim, temos vários tipos
de de feminismos e isso se tornamuito interessante porque nos dá
a possibilidade de nos relacionar com muitas formas e

(45:54):
muitos jeitos, né? De se relacionar com o nosso
corpo. Com os outros, com o mundo.
E tentar romper de de vez com esse sistema patriarcal, que é
um sistema que, de certa forma, está ainda presente aí na nossa
vida, né? A gente sabe disso.
É muito difícil se livrar totalmente do patriarcado.

(46:16):
A gente vê muitas. É, a gente vê muito, até as
pessoas se colocando como feministas, colocando lá nas
redes sociais. Eu sou feminista e tal, mas na
prática. Ainda reproduzem, né?
Formas que vem do capitalismo, do colonialismo.
Que esse sistema que a gente de certa forma está indo contra.

(46:38):
É o sistema que está regendo, né?
As nossas, a nossa realidade. E a gente está na resistência.
A gente está tentando romper, mas ainda é muita conversa entre
nós, muita troca. Na tentativa de trocar, de
romper. Bom, mas eu vim aqui falar de um

(47:00):
livro, que é o livro da dona haraway, que ela é uma filósofa
e ela é bióloga também, né? E foi uma leitura bastante,
digamos assim, bem complexa, porque é de um vocabulário bem
denso, com muitas notas de rodapés, labirínticas.

(47:21):
De conceitos que desafiam, né? OA lógica cartesiana, mas que
depois que eu peguei o ritmo, o texto foi.
Mas é um texto meio Cama de Gatomesmo, que tem vários fios que
se entrelaçam formando. É um emaranhado, sabe?
E bom, e até Eu Acredito que o próprio emaranhado que acaba

(47:45):
formando na mente da gente servede suporte para algumas alguns
entendimentos, alguns raciocínios, alguns insights que
a gente vai tendo durante a leitura.
Bom, eu estou falando do livro. Ficar com o problema, fazer
parentesco no chutuluceno. E é.
E foi, né? Bem justa essa palavra
chutuluceno que me instigou paraa leitura desse livro, porque a

(48:09):
dona haraway, ela traz um conceito que é dizendo, ela diz
que né, que o chutuluceno seria uma substituição da era
antropoceno e o antropoceno é esse momento geológico que
estamos vivendo agora, que seria.
Irreversível por causa da ação do homem na Terra, né?

(48:29):
Que as ações devastadoras, cruéis que nós imprimimos sobre
esse planeta, elas não são mais reversíveis?
E aí é, foi muito legal, porque a gente, lendo esse livro
conseguiu entender a dimensão que as feministas estão
pensando, né? Sobre como se relacionar com o

(48:51):
planeta, como se relacionar entre nós também, como que é
possível pensar. Eu achei muito legal nesse livro
que ela fala no coletivo. Ela acredita nesse coletivo como
forma de construir. É propostas e soluções para os
problemas. Ou seja, ficar com o problema,
que é o nome do do título do livro, né?

(49:13):
É a gente não nem se desesperar com esse problema, nem partir
para salvacionismos. É otimistas delirantes, que acha
que tudo, né? Vai ser flor de rosa.
Sei lá que vai ser maravilhoso, não, a gente tem que colocar
isso num num problema, no amadurecimento, com calma.

(49:35):
Deixar os problemas, é. Permanecer ali em terreno fértil
para que as soluções aconteçam. E essas soluções, geralmente.
E ela acredita nisso, né? O que ela diz no livro?
Que essas soluções ela podem sertrabalhadas no coletivo.
Tanto é verdade que o livro ele dá espaço, ele abre espaço, abre
caminhos para outras manas escreverem junto com ela ali e

(49:59):
trocar essas, essas informações,trocar ideias de como é, são
esses relacionamentos. E não só entre humanas, né?
E também ela fala dos não humanos.
E eu acho isso incrível, porque é essa relação em que ela coloca
nós, seres humanos, igual a tantos outros, os não humanos

(50:19):
que são, que estão habitando também esse planeta.
E isso é o conceito que ela começa a construir nesse livro,
que é justamente a era chutluceno.
E aí, né? A gente tem que ler o livro para
conseguir mais informações. Mas eu acho muito legal dizer
que dona haraway, ela traz essa coisa do mostra bem o quanto o

(50:42):
feminismo ele pode ir para várias Vertentes.
Ela como bióloga, né? Ela mostra que a ciência não é
feita só de estatística, que a ficção pode servir para a
ciência para mostrar, né? Como que a gente pode se
relacionar de uma forma mais? Mais ímpar, né?
Mais individual. Com as informações, ela abre

(51:05):
espaço também para mostrar, confirmar que é os feminismos,
são narrativas múltiplas. Que que é o feminismo também,
né? Sobretudo que eu acho que é uma
das pontes muito interessante nesse livro e em vários outros
que eu tenho lido, né? Confirma que o feminismo é mesmo
uma prática, uma prática em que você tem que estar colocando no

(51:28):
mundo a sua voz, deixar a voz é colar, falar mesmo e sempre se
questionar, buscar esse questionamento dia após dia, em
todas as ações que a gente faz para ver que se a gente não está
repetindo padrões do patriarcado, né?
Eu acho muito legal. Acho que a dona haraway, ela

(51:48):
abre tentáculos para outros, para outros caminhos de
produção, né? De feminismo, de literatura.
Que traz feminismo, ela vai buscando, né?
É essas brechas, esses lugares em que a gente pode pensar de
uma outra forma, essa relação com o mundo, outras formas de

(52:11):
existir, outras formas de se relacionar.
E eu acho que isso transcende inclusive o humano, né?
O que tem de humano No No planeta transcende porque ela
coloca na mesma importância. Pelo menos foi é essa conclusão.
Que eu cheguei no livro, que elacoloca na mesma importância, o
humano e o não humano. E a partir daí ela começa a

(52:33):
tecer essas esses conceitos tão atuais e tão interessantes.
Eu adorei esse livro. É, eu acho que eu vivi na
prática antes de eu de eu. Quando eu leu esse livro, eu
vivi uma experiência em Minas Gerais e moeda numa residência
artística que se chamou antropoceno pra água, que foi

(52:53):
justamente estudar a relação do nosso corpo com essas bacias
hidrográficas que tem no mundo, que estão sendo devastadas pelo
homem. Então, como nós nos relacionamos
como artista com a água que a gente tem aí no mundo?
E aí foi legal, porque nessa experiência eu pude viver uma
experiência que a gente tinha diversidades, tinha situações em

(53:16):
que politicamente é conceitos literários e tantas outras
maneiras de pensar muitas diversidades no mesmo local e
que certamente as diversidades acabam gerando problemas.
Mas esses problemas foram tratados de uma forma muito.
Tu eco feministas muito na era Chico luceno que eu na hora não,

(53:37):
não sabia que era, mas depois eufui, eu fui é observando isso na
leitura desse livro, que o problema estava ali a gente
acolheu esse problema, a gente deu.
É um entendimento assim, ó, esseproblema está aqui, a gente não
tem como resolver, mas vamos debater sobre isso.
Vamos no coletivo e pensando naspossíveis soluções, né?

(53:59):
Nas possíveis saídas para resolver algumas situações.
E isso foi muito interessante, porque se construiu não só de
maneira intelectual, mas também a gente levou 11 tecido de
algodão cru de 3 m e que fomos bordando palavras, fomos
bordando frases, desenhando ali e fazendo tudo muito no

(54:19):
coletivo, sabe? Isso fortaleceu muito, muito,
muito a conexão entre essas artistas mulheres.
Fortaleceu. Inclusive, nós estamos nos
encontrando uma vez por semana agora para falar sobre arte,
literatura, para é falar sobre criatividade num grupo fechado

(54:40):
que a gente está fazendo todas as sexta sextas-feiras.
E tem sido muito massa, sabe? Porque realmente?
Essa maneira não não só simplesmente atuar no mundo para
ir contra a era antropoceno, masencontrar uma outra era em que a
gente seja protagonista, sabe? Que a gente possa ser um

(55:01):
protagonista, mas não um protagonista individual, um
protagonismo no coletivo, nas trocas de saberes, nos
conhecimentos. Então era essa a experiência que
eu queria contar nessa coluna para vocês, dizer que eu estou
aberta. O meu Instagram é graziella
Brum, brums underline. Vocês podem me encontrar lá

(55:21):
também tem um substaque que se chama campo de eliantes, em que
eu escrevo sobre criatividade, eco, feminismo, corpo em
trânsito. E também tenho. 11.
Textos que eu também faço. Na no blog à noite estrelada,
que eu falo sobre sono e o quanto o sono pode se relacionar

(55:41):
com a criatividade. Então essa sou eu, Graziela
Brum, que estou aqui na coluna rugidos do norte e espero vocês
na próxima coluna, daqui a pouquinho a gente está de volta.
Um grande beijo para todas nós, para todas vocês.
E fiquem por aí. É escutando a hora do Sabá hora.

(56:03):
Do Sabá. Ano 7, temporada 10, a única
revista feminista colaborativa pelas ondas do rádio.
A gente ouviu o rugidos do norte.
Com a Graziela Brum, uma coluna que mais uma vez invocou a
força, lucidez e pertencimento, o chamado a escuta do corpo,

(56:24):
território e da ancestralidade. Nessa edição da coluna, Grazi
fala sobre o livro da dona harway ficar com o problema,
fazer parentesco no quitoluceno a gente ensaiou para falar essa
essa palavra, viu? Quitoluceno o que a gente
descobriu, inclusive. Que é, gente, leia um livro.

(56:46):
O pronto é isso para vocês entenderem o que significa tudo
isso. Isso, lógico.
Prestem muita atenção no que foidito aí na coluna da nossa
maravilhosa Grazi. Dani, meu amor, você sabe que eu
sou apaixonada por você desde que a gente se conheceu a sei
lá, uns 15 anos atrás assim. É, eu sou apaixonada por por

(57:11):
você e eu tenho. Foi uma honra, gata.
Foi uma honra ter você aqui com a gente.
Deixa aqui sua despedida para asnossas ouvintes, por favor.
Bom, primeiro quero agradecer, né?
Pelo convite, por ter participado desse programa.
Fico muito feliz de poder falar desse livro.
Fico muito feliz de falar do inventário e gostaria de dizer

(57:31):
assim que a gente tem que contaras nossas histórias mesmo.
A gente não pode silenciar as nossas histórias e não só as
histórias de violência, claro, existe uma urgência que a gente
fale disso, porque essas histórias estão embaixo do
tapete, né? Existe.
A gente foi educada nessa cultura de a em briga de marido
e mulher, ninguém mete em colher, e a gente achou que isso
era para tudo. Mas não é para tudo, gente, não

(57:53):
é para tudo. Os casos de violência, eles são
crimes, e crimes precisam ser denunciados.
Outra coisa não acontece em violências, só nos
relacionamentos. Existem várias formas de visão
da mulher. A gente precisa pensar e falar
sobre isso, né? Então eu acho que a gente
precisa, sim, contar essas histórias, mas a gente também
precisa. E eu agradeço muito pela
oportunidade, que é realmente isso, né?

(58:14):
Contar as histórias das coisas que a gente faz, das coisas que
a gente cria, das coisas que a gente consegue realizar.
Porque essas histórias, elas sãorealmente inspiradoras e elas
também ajudam. É AAA solucionar.
Né? AA pra os casos de violência a
gente acaba. A gente não imagina o quanto é

(58:35):
potente contar das nossas histórias.
Nós somos silenciadas por muito tempo, então a gente precisa
mesmo é abrir a boca e sair contando tudo que a gente sabe,
compartilhando as coisas que a gente conhece e contando quem a
gente é. E eu tô aqui.
Quero terminar só contando pra vocês que eu acabei de terminar
o livro, meu primeiro romance, maravilha.
Daqui a pouco vou ter notícias dele e que foi um processo muito

(58:58):
lindo também de escrita, que começou na pandemia e terminou
agora no ano passado. Então escrever, contar, falar
quem a gente é é de uma importância incrível.
Muito obrigada por esse espaço. E é isso.
Casa muito do que a gente faz por aqui na hora do sabar, né?
Tanto aqui na rádio. É ouvindo as nossas vozes,
quanto no blog que a gente mantém lá, com um montão de

(59:22):
escritoras escrevendo sobre as nossas, as nossas alegrias e as
nossas dores. É porque é isso.
A gente tem que celebrar nossa, nosso, nosso feminino de várias
formas. E denunciar.
Quando é preciso denunciar, bom,próxima semana quem divide.
O microfone com a Sara Elaine bioni recebendo as colunistas

(59:45):
Virgínia Brasil e com encena sons e a Vitória Pacheco com o
elas no espectro. E a gente, claro, a gente te
espera na semana que vem. Dani, obrigada mesmo por você
ter vindo aqui também. Fiquei muito feliz de constatar
essa missão, que não é uma missão só da hora do sabadi
ecoar vozes por aí. Camila, minha comadre, que

(01:00:08):
delícia tá contigo, que programafluido, que leveza.
Não vejo a hora da gente ir pro estúdio fazer ao vivo, Hein?
Camila, você e os ouvintes podemesperar aqui.
A partir de agosto, a última semana do mês, eu e a Camila
vamos estar lá no estúdio da rádio Silva fazendo bagunça que
a gente gosta de bagunça. Hoje a gente tá aqui
comportadinha. Encerrando mais uma edição da
hora do Sabá, essa casa de escutas e atravessamentos, você

(01:00:32):
pode escutar a gente nas rádios parceiras toda terça-feira 7 da
noite, na rádio silva.org, toda terça também da 10 da noite, na
rádio armazem.net, quinta-feira,a partir do meio-dia, alma
londrina.com.br nas sextas-feiras, às 9 da noite, a
gente vai lá pro interior de SãoPaulo, na rádio pago.com.br,

(01:00:52):
sábado ao meio-dia, diretamente do Recife.
No nordeste, calorento rádio aurorarecife.com.br nos recebe
todo sábado ao meio-dia e nos domingo à meia-noite a gente vai
para o Distrito Federal. Na rádio eixo.org.
A gente fecha o ciclo em Santa Maria, no Rio Grande do Sul,

(01:01:12):
toda segunda-feira às 10 da noite, na rádio armazem.net.
E óbvio, está tudo disponível nas principais plataformas de
streaming, como Spotify, Deezer,Apple Music, Amazon Music,
YouTube Music. Todas essas plataformas.
E Monte é isso. É jogar a hora do Sabá no Google
que você acha? Mas tem um lugar muito melhor na
nossa casa oficial, o site hora do saba.com.br.

(01:01:35):
Lembrando que Sabá com 2 BET mudo hora do saba.com.br e
acompanha a gente nas redes sociais.
Chama a gente no direct que a gente manda o link da nossa
comunidade exclusiva para você ficar sabendo tudo que acontece
antes de ser publicado. Obrigada galera por permitir que
eu entre na casa de vocês acompanhada muito bem

(01:01:57):
acompanhada toda semana, trazendo de idades e muita
mulheridade até a semana que vem.
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