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March 15, 2025 13 mins
Neste episódio especial, que abre a série "Causos de Noronha" você vai conhecer os causos de um dos moradores  mais famosos da  ilha: Sr. Júlio Grande. 

Este homem alto e destemido viveu ali fazendo o que mais amava: superar expectativas. Ele gostava de ser elogiado como o mais forte, que mergulha mais fundo, o mais corajoso, o mais resistente...

A fama dele foi parar na TV, em duas reportagens especiais do programa Globo Repórter. Hoje, um século depois, as suas histórias de bravura e habilidade no mar continuam no imaginário dos ilhéus, inspirando novos jovens ao desafio de superá-lo em cada um dos seus feitos. 

Entrevistados: Manoel Júlio e Júlio César 
Repórter: Sabrina Stieler
Roteiro, edição e Narração: Clarissa Paiva
Revisão: Carol Maria

**Conheça a ilha e os lugares das histórias deste episódio junto com a Atalaia. Acesse: www.atalaianoronha.com.br para conferir nossos passeios. 
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Episode Transcript

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(00:00):
Oi, tem novidade por aqui.

(00:04):
A Atalaia receptivo, que sabe tão bem apresentar a ilha de Fernando de Noronha, agora
apresenta para você um conteúdo que é um verdadeiro tesouro.
As histórias mais incríveis dos ilhéus, fatos e causos que trazem a essência de ser Noronhense.
No episódio 1 dessa série, o gigante, destemido e usado, seu Júlio Grande.

(00:28):
[Música]
Chegamos.
[Música]

(00:50):
Eu sou Clarissa Paiva e este é o podcast Fala Noronha.
Se você nunca ouviu falar em Júlio Grande, tá na hora de conhecer essa personalidade
que já virou o tema de Globo Repórter e até tem uma música em sua homenagem.
Quem nos ajuda a contar os causos de Júlio Grande, o Netuno de Noronha, é a jornalista
Sabrina Stieler.

(01:11):
Ela conversou com outros dois Júlios, filho e neto do nosso personagem principal.
Prontos para mergulhar nessa história? respirem fundo e vamos lá.
[Música]
Causos de Noronha!
[Música]

(01:34):
Manoel Júlio Venâncio Pereira, 58 anos e moro aqui na ilha.
Meu nome é Júlio, Júlio César, eu sou filho da Germana, no caso sou neto de
primeiro grau do seu Júlio Grande, o seu Júlio era Pai da minha mãe e consequentemente meu avô.

(01:56):
Meu pai veio do Rio Grande do Norte, ele veio pra cá e aqui serviu o exército.
E a gente sabe de história que ele era muito bom mergulhador, né?
Mergulhava 35 metros, 40 metros no peito, pra pegar lagosta.
Sem nada.
E vendia aqui no hotel Esmeralda, naquele tempo né?
Eu acho que tinha mil pessoas, mil e quinhentas pessoas.

(02:18):
Júlio Grande vem da questão dele ter um altura, era um rapaz muito alto,
mais ou menos próximo dos dois metros de altura, então o apelido, o nome dele é Julho Venâncio
Júlio Venâncio Pereira do Santos.
E o apelido Júlio Grande vem da questão dele ter, ser um cara muito alto.
E aí a minha avó falava aqui, ele tinha muita força, inclusive ela apelidava ele,

(02:43):
falava que ele tinha ossos de marfim, porque ele era muito forte.
E como ele foi a história de ele morar na rata?
Chegou a pegar esse... Chegou morar lá também ou não?
Não, na rata ele...
Tinha um roçado lá plantava lá, né?
E tinha uma casinha lá, que era uma casinha antiga já.
Aí ele deu uma boa reformada, né?

(03:05):
Fez uma caixa d'água para a água da chuva, levou para lá uns beliches, aí ficou morando lá, né?
Sim, passava 15 dias, um mês.
E o que ele plantava lá, ele fazia o que, ele vendia.
Ele plantava a melancia, milho, feijão, né?
E vendia tudo aqui na ilha.

(03:25):
E também botava para o continente, a melancia.
Essa história que vocês vinham nadando da ilha Rata?
Não, o papai ele vinha... de vez em quando ele vinha nadando da ilha Rata.
Ele vinha nadando da ilha rata, né?
Pause para explicar o contexto.
A ilha Rata é a segunda maior ilha do arquipélago, entre Noronha e ela, há outras ilhas

(03:46):
e ilhotas menores.
Não é tão perto assim para ir nadando, bem disposto.
E ele sem nada, só ele...
Só com a máscara, pé de pato, e o tridente.
Mas vem para caçar, ou só de...
Não, só para vir mesmo para nadar, mas para caçar ele também usava o tridente e era só
com o snorkel mesmo, nadadeira, e fazia a caça da lagosta né?

(04:11):
35 metros, 40 metros, para pegar lagosta que ia vender.
E aí, o seu Júlio, ele ficou extremamente conhecido na ilha até hoje, várias pessoas
que tem um carinho nome por ele, através de mergulho da ligação com o mar.

(04:31):
A história do seu Júlio é mais ou menos assim, começou na época do militarismo, ele veio aqui
para a ilha, quando ele tinha 18 anos, e aí conheceu a minha avó, tinha 13 anos na época,
e aí eles ficaram juntos e casaram, minha avó com o seu Júlio teve 18 filhos, o seu Júlio
sempre extremamente ligado ao mergulho, né?

(04:51):
Era militar, mas ele sempre teve um afeto, com uma conexão com o mar muito grande.
A gente tem duas a reportagem do grupo repórter, contando um pouco sobre o seu Júlio, ele já
tava um pouquinho velhinho, né?
Já tava assim, né?
Então na a reportagem ele ainda desce 30 metros de profundado, que já é uma profundidade,
o Júlio neto não estou cosneguindo nem a metade, porque hoje eu consigo descer uns 10, 12 no

(05:17):
máximo, que já é alguma coisa, aí mais comparado ao seu Júlioo, o seu Júlio é bem mais fundo.
Quem vê esse homem tranquilo, sentado na varanda, nem desconfia, mas estamos diante do maior
mergulhador de Noronha.
Nós vamos pro mar com o seu Júlio. Alexandre foi conosco. Como todos os garotos de

(05:40):
Noronha, ele é um fã do velho mergulhador.
O senhor já passou medo embaixo d'água? Já passou o quê? medo? eu não tenho medo de nada
já fui atacado três vezes por tubarão tigre. O senhor foi atacado por tubarão? Já três vezes,
e arraia gigante.
- Eita

(06:00):
-Me defendo na base do tridente.
-Ai, o senhor leva isso aqui pra se defender?
- Bom, realmente sim. Impõe respeito, né?
-Em, foi o rasaito, né?
-Ai, para tocar...
-Aí, o senhor furou ele?
-É, não, não furei porque ele aproximou-se, mas quando eu viu que eu ia furar...
- Foi embora.
-Aha!
- Hahaha
- Até tubarão tem medo do senhor?
- Se Júlio aqui
-Não é fácil, não!
...

(06:21):
...
...
...
...
-Mas então uma boa parte da vida dele, de vocês, o que sustentou foi a lagosta?
-A lagosta.
-A lagosta.
-A lagosta, o peixe.
-E você chegou junto, Maneco?
-Não, assim, a gente ia pra Rata pra ajudar ele, né?
- No roçado, tal, mas para acompanhar no mergulho... Ninguém conseguia não.
- Ele passava 4, 5 horas dentro d'água. Em águas fundas, de chegar a ir até as pedras secas, no mar de fora.
-Sozinho, né? E nunca aconteceu nada, nunca passou nenhum perrengue?
-Passou um perrengue com tubarão tigre, que ele vinha com uns 30 quilos de lagosta, aqui na...

(06:43):
-direção da Atalaia, descendo o morro do frade, e ele teve que soltar a lagosta todinha.
- O tigre estava atrás dele.
-O tigre tava atrás dele.
- E ele teve que soltar a lagosta para sair ali nos parrachos.
ali nas pedras ali da Atalaia.
- Ah, ele saiu na Atalaia. Caramba...
- Subiu nas pedras na Atalaia e soltou as lagostas.
-E disse que viu a lagosta afundando e o tigre descendo para ir
-devorar as lagostas.
...
..
..
...
...

(07:24):
-Com esse exemplo não é surpresa que alguns dos 18 filhos tenha herdado a coragem do pai.
-Os meus tios eles têm uma fama, digamos assim, de ser em brigões, né?
-Eles eram bem valentes, digamos assim.
-E aí o meu tio Paulo, que já faleceu, que também teve uma grande história, digamos assim,
-no mergulho foi salva-vidas aqui na ilha, antigamente, e foi um excelente mergulhador.

(07:48):
-O meu tio Maneco, que você conversou com ele também, ele tem uma grande habilidade, no nado,
-ele cai na praia do Boldró e vai nadando até o Porto.
-Ele é bem disposto sabe, e bem, também bem com o mar.
-Esse o meu tio Paulo também era muito íntimo com o mar, só que meu tio Paulo era brigão pra caramba.
-E aí o meu tio Paulo tinha arrumado a confusão, parece que tinha dado um soco em alguém do exército na época, em um oficial,

(08:13):
-algo do tipo assim, a história que falam é que ele tinha sido detido, e aí o cara falou...
-Ele falou pro oficial, né?
-Se você me soltar, eu dou um murro em você, e aí o oficial duvidou e disse "então solta ele", e ele 'pow' deu um murro no oficial,
-isso lá no Fortinho do Boldró
-Na época, aí ele pulou na água e se mandou!
-Ai, meu "vô" por ser militar foi chamado atenção, e aí o meu tio Paulo, ele ia ser preso, e toda aquela

(08:39):
-questão é a questão de problema, por ter agredido um militar.

-E aí o meu avô falou (08:42):
Não,
-Ai vou levar pra ele para a ilha Rata, pra ele ficar lá, pra ele não arrumar problema.
-Ele vou meu tio pra lá, com uma forma de castigo, né?
-Vou levar pra ele pra lá, pra deixar isolado, só que ele esqueceu que o meu tio Paulo, é tão bom quanto ele no mergulho.
-E aí quando deu de noite, é o meu tio Paulo "pum", caiu na água e dizem que ele saiu lá na praia do Cachorro, da ilha Rata para a praia do Cachorro

(09:06):
-É uma distância bem considerável.
-E aí falaram do que, do nada, de que noite estava paulo lá no forró, que tinha fugido da ilha Rata,
-tava lá no forró, e o doido atrás do Paulo, e o Paulo no forró...
-Então, o pessoal, isso de noite ainda, tem esse detalhe?
-mergulhar nesse marzão aí à noite, tem que ser corajoso.
-A conversa continua e, de repente, os relatos de sr. Júlio Grande

(09:36):
-começam a ganhar de causos.
-Não dá pra saber se cientificamente seria possível.
-Mas quem vai duvidar da destreza e da resistência de Júlio Grande?
-Tem relatos de pessoas da época, de amigos, de pessoas que chegaram a conviver com ele,
-que dizem que ele já chegou a descer até lá na Corveta, que é um ponto de mergulho aqui da ilha,

(09:59):
-que é 62, 63 metros, e aí tem relatos de seu Júlio no auge, né, da juventude, sr. Júlio
-ter descido essa profundidade.
-Mas tem relatos também, de ele já ter dado a volta na ilha, nadando sozinho.
-Ou que ele caía lá na praia da Caieira, por trás de posto, e saía lá na praia do Sueste.

(10:22):
-Meu pai falou que ainda pegou ele, tirando naquela combustível chegava na ilha através de tonéis,
-que aí meu pai falou que chegou a pegar o seu Júlio, tirando esses tambores,
-sozinho, que geralmente eram dois ou três homens que pegavam, da traseira da caminhonete,
-colocando no chão, e do chão colocando na traseira da caminhonete.

(10:44):
-Falaram que ah, o sr. Júlio, que ele pegava o veneno, colocava na boca e falava
-isso aqui é titica de galinha, aqui não faz nada em mim não,
-Veneno de quê? - Veneno de rato, diga aí que louco!

(11:08):
-Mas existe esse relato, não sei se é verdade, 100%.
-Pra provar que era o cara, que era extremamente forte ou o algo do tipo.

(11:30):
-Tantas histórias fantásticas não têm como deixar a memória do grande Júlio Grande esquecida.
-Se depender do neto Júlio, a preservação do legado está garantida.
-Eu me sinto super orgulhoso pra ser sincero assim, e cria até um pouco de responsabilidade,
-que a pouco tempo atrás, a atualmente estou trabalhando aqui, eu migrei do mar,

(11:52):
-trabalhando mais em terra, mas até pouco tempo atrás eu me dedicava só a atividades marítimas
-E criava uma grande responsabilidade, quando você falava "Ah, eu sou neto de Júlio Grande,
-Aí todo mundo falava, "então você é igual a ele",
-"Então você desce fundo igual a ele", então cria essa expectativa nas pessoas,
-essa expectativa boa, né?
-de você ter habilidades parecidas com as de seu Júlio, e eu me sinto super orgulhoso,

(12:14):
-porque por ele ter sido um cara do bem, uma pessoa que deixou um legado super legal na ilha,
-eu fico super feliz de fazer parte, né?
-E inclusive de carregar o nome dele.
-Não é à toa aqui até hoje, mesmo depois de ele ter falecido, ele ainda influencia a gente da família...
-e outras pessoas que se inspiram na história dele.
-E se depender de nós ele também não será esquecido.

(12:39):
-esse causa de Noronha foi contado com a participação da jornalista Sabrina Stieler.
-Avalie nosso podcast e deixe o seu comentário sobre o episódio.
-Se você conhece outros causos de Noronha, conta pra gente.
-E pra quem ficou curioso pra conhecer os lugares onde o seu Júlio Grande viveu e mergulhou,
-conte com a Atalaia Receptivo.

(13:00):
-Acesse o site atalaianoronha.com.br para conferir os nossos serviços e passeios.
-Este episódio usou áudios do Globo Repórter
-E da música Júlio Grande, escrita e cantada por Ju Medeiros.
-Um beijo e até o próximo "Fala, Noronha."

(13:26):
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